Em entrevista a O JOGO, o internacional sub-21 português desvenda os detalhes da primeira época no Lech Poznan e abre a porta a um futuro em patamares mais elevados. "Sonhar não custa", atira.
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Com sete golos e três assistências pela equipa polaca, o criativo de 23 anos (recém-feitos) vai encantando os exigentes adeptos do Lech. Arranque foi "estranho", mas o foco pessoal foi a chave para encarrilar. Na memória está aquele jogo louco, mas inglório, com a Fiorentina (2-3), em Itália.
Está a realizar a melhor época da carreira como sénior. Houve um clique?
-Começou por ser um pouco estranha, porque nunca tinha estado num clube onde houvesse tanta rotatividade e, no início, não lidei bem com as mudanças constantes. Assim que encaixei com os colegas, equipa e país, comecei a focar-me mais no que era importante para mim dentro de uma equipa ofensiva. A nível de números está a correr muito bem. O clique foi o trabalho e a perceção de que tenho de me focar no que posso fazer para ajudar a equipa e não me preocupar tanto com o resto.
Tem alguma fasquia estabelecida para o que resta da temporada?
-Não sou de estabelecer números para fazer golos. Deixo-me levar pelo jogo, houve alguns em que não marquei e fui mais feliz do que em outros em que até fiz golo. Prefiro jogar bem e para a equipa do que propriamente fazer golos. Mas chegar aos 10 seria fantástico.
É a primeira época no estrangeiro. Esperava este sucesso?
-Tinha expectativas altas, sabia que teria de mostrar serviço. No início não me dei bem com algumas coisas fora do que posso controlar, mas agora estou a conseguir estabilizar e a ter sequência. Estou a provar que mereço jogar mais e que o investimento foi bem feito. As expectativas estão a ser concretizadas e não quero ficar por aqui.
Acreditaram mesmo que era possível eliminar a Fiorentina?
-Claro que sim. O primeiro jogo foi atípico, não é normal marcarem quatro golos em nossa casa. Todas as equipas sentem muita dificuldade em Poznan, como aconteceu com o Villarreal. Fomos a Itália sem pressão e acabámos por acreditar, porque conseguimos empatar a eliminatória, marcando três golos. O que fica é a nossa caminhada na Europa, a grande vitória em Florença. Apanhámos um candidato à vitória na Conference League e temos de estar orgulhosos do que fizemos.
Há quem diga que a Polónia começa a ficar pequena para o talento do Afonso...
-[Risos] Quero pensar dessa forma, é sinal que pretendo chegar a outros patamares. Se me perguntassem há cinco anos se esperava estar na Polónia aos 23... Mas o futebol é isto, alguns precisam de ir à volta para atingirem o patamar desejado. Eu necessitei de vir para cá porque, infelizmente, a B SAD desceu à II Liga. Ia ser difícil venderem-me a clubes portugueses e o Lech chegou aos valores pretendidos. Estou aqui para tentar dar o salto para outro patamar, onde quero jogar. Com o que estou a fazer, espero que aconteça, mas não sinto ansiedade. O Lech é um grande clube, não falha em nada. Um dia, quero chegar a um palco maior, até porque os jogadores precisam de ter ambições elevadas. Sonhar não custa.
"Neste momento, não penso em voltar a Portugal"
Uma época depois de deixar a B SAD e o futebol português para abraçar a aventura polaca, Afonso Sousa não tem, por agora, o regresso à pátria nos planos. "É difícil dizer... Quando chegas a um patamar de jogar as provas europeias e de lutar por títulos é difícil dar passos atrás", afirma o jovem médio-ofensivo a O JOGO, deixando nas entrelinhas que jogar na UEFA seria um requisito mínimo para considerar a hipótese. "Mas Portugal é o meu país, tenho muitas saudades de tudo. Mato-as quando vou aos sub-21, mas não penso em voltar neste momento. Se acontecer, pronto", remata o futebolista do Lech Poznan.