Acusada de homofobia, CBF é obrigada a justificar ausência do '24' da seleção brasileira
Número é associado, no brasileiro "jogo do bicho", ao veado, nome de animal esse que, por sua vez, é aplicado como forma de ofensa a um heterossexual ou outro membro da comunidade LGBT
Corpo do artigo
A Justiça brasileira, através do juiz Ricardo Cyfer, instou, esta quarta-feira, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a explicar o porquê de o número 24 não ser utilizado por nenhum jogador da seleção do Brasil na Copa América, refere o UOL.
A obrigatoriedade de prestar explicações acerca desse facto, imposta pelo supracitado juiz, foi pedida pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, que se dedica à defesa dos direitos humanos, que também interpelou, publicamente, a CBF a propósito do caso.
"A não inclusão do número 24 no uniforme nas competições constitui uma política deliberada da interpelada [CBF]?; Em caso negativo, qual o motivo da não inclusão do número 24 no uniforme?; Qual o departamento dentro da interpelada que é responsável pela deliberação dos números no uniforme oficial da seleção?; Quais as pessoas e funcionários da interpelada que integram este departamento que delibera sobre a definição de números no uniforme?; Existe alguma orientação da FIFA ou da CONMEBOL sobre o registo de jogadores com o número 24 na camisola?", questionou o GAI.
A canarinha, orientada por Tite, é a única formação em ação no torneio sul-americano, cujo troféu detém, que não exibe o '24', pelo que o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT relaciona essa ausência por o número ser historicamente associado no Brasil ao homem de orientação gay.
Em contextualização, o '24' é associado, no brasileiro "jogo do bicho", ao veado, nome de animal esse que, por sua vez, é aplicado na sociedade do Brasil como forma de ofensa a um heterossexual ou a outro qualquer tipo de membro da comunidade LGBT.
"Sendo assim, o facto da numeração da seleção brasileira saltar o número 24, considerando a conotação histórico-cultural que envolta esse número de associação aos gays, deve ser entendido como uma clara ofensa à comunidade LGBT e como uma atitude homofóbica", considera o mesmo grupo.
No passado dia 28 de junho, foi celebrado globalmente o Dia Internacional do Orgulho Gay, pelo que vários clubes brasileiros, e também a própria CBF, como Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, entre outros, assinalaram a data com manifestações de apoio à causa social.