"Absolvição de Dani Alves é uma vergonha", condena ministra do Governo espanhol
María Jesús Montero discorda da decisão do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, que absolveu o antigo futebolista brasileiro do crime de agressão sexual
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María Jesús Montero, vice-presidente do Governo espanhol e ministra das Finanças, fez duras críticas à absolvição de Dani Alves do crime de agressão sexual de que foi acusado.
"É uma pena que o testemunho de uma vítima continue a ser posto em causa e que se diga que a presunção de inocência está à frente do testemunho de mulheres jovens e corajosas que decidem denunciar os poderosos, os grandes, os famosos. É por isso que queremos dizer a esta mulher que estamos com ela, estamos com todos aqueles que enfrentam gigantes para reclamar a dignidade que nas suas palavras, na sua boca, é a dignidade de todos nós. Ela não está sozinha, estamos aqui contigo", disse na abertura de um congresso do PSOE, partido do qual é secretária-geral.
"É uma vergonha depois de tudo o que fizemos para lutar contra a violência de género, que é a expressão máxima do que significa a falta de igualdade entre homens e mulheres. É uma vergonha depois de tudo o que o PSOE fez para reconhecer os direitos das mulheres, as diferenças salariais, as pensões, tudo o que reflete o facto de, ao longo das nossas vidas, termos sido discriminadas ou não termos desempenhado o papel que devíamos ter desempenhado", acrescentou.
Tribunal da Catalunha absolve Dani Alves do crime de agressão sexual
O ex-futebolista brasileiro Dani Alves foi absolvido pelo Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC) do crime de agressão sexual que enfrentava em Espanha e viu revogada a pena de quatro anos e meio de prisão.
Na sua decisão, o Tribunal da Catalunha concede, por unanimidade, provimento ao recurso apresentado pela defesa do ex-jogador do Barcelona e absolve-o da violação de uma jovem numa discoteca da capital catalã, em dezembro de 2022.
A divisão criminal do TSJC concluiu que o depoimento da jovem é insuficiente para sustentar a condenação do ex-internacional brasileiro e as provas realizadas no julgamento não lhe permitem “ultrapassar os padrões exigidos pela presunção de inocência”.
Dani Alves, de 41 anos, esteve em prisão preventiva durante 14 meses e foi libertado provisoriamente em março de 2024, pagando uma caução de um milhão de euros, após o Tribunal de Barcelona o ter condenado pelo crime de agressão sexual.
O tribunal rejeitou, assim, os recursos da Procuradoria, que solicitava a nulidade parcial da sentença e, subsidiariamente, o agravamento da pena para nove anos de prisão, e da acusação particular, que pedia a elevação da mesma para 12 anos.
Os factos pelos quais o antigo defesa do Barcelona e Paris Saint-Germain foi julgado ocorreram na noite de 30 para 31 de dezembro de 2022, quando o então internacional brasileiro se encontrava com um amigo numa zona privada de uma discoteca.
Segundo a acusação, Dani Alves, que acabava de regressar do Mundial do Catar, ofereceu champanhe à vítima, à sua prima e a uma amiga e depois convidou-a a acompanhá-lo até uma sala contígua com casa de banho.
Terá tido uma “atitude violenta” com a jovem, que vivia uma “situação de angústia e terror”, segundo o Ministério Público. Estas acusações foram contestadas pelo jogador, que, durante o julgamento, negou qualquer violação, afirmando que a jovem tinha dançado “colada” a ele.
A defesa de Alves, no entanto, ficou fragilizada pelas suas inúmeras mudanças de versão: depois de ter afirmado nunca ter conhecido a denunciante, acabou por admitir durante a investigação uma relação sexual, ainda que consensual, segundo o jogador.