Abel Xavier e a tragédia em Moçambique: "Foi devastador, sentimos o desespero"
Selecionador moçambicano desde 2016, Abel Xavier dá conta a O JOGO da destruição provocada pelo Furacão Idai, que atingiu o país africano antes do jogo de apuramento para a CAN, na Guiné Bissau. "Queremos homenagear o povo, vamos jogar pelo país", disse
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A tragédia que se abateu sobre Moçambique não deixa ninguém indiferente. A preparar o jogo decisivo com a Guiné-Bissau (dia 23, sábado) na fase de qualificação para a CAN'2019, Abel Xavier, emocionado, explicou a O JOGO que os Mambas tomaram conhecimento dos efeitos devastadores da passagem do Furacão Idai pelo centro do país "durante o estágio que se realizava na África do Sul". E desde aí perceberam a gravidade do que se estava a passar.
"Foi devastador, é uma grande tragédia. As chuvas tropicais agravaram ainda mais o que aconteceu. Tenho um elemento da equipa técnica que é da Beira, jogadores da zona centro e houve desespero, porque essa zona ficou incontactável. Não é nada fácil fazer um estágio com um grupo que não consegue contactar os familiares durante dias", começou por explicar o selecionador dos Mambas.
O antigo internacional português reconhece que "do ponto de vista emocional não é nada fácil" preparar um jogo decisivo em tais circunstâncias. "Ver a devastação, que encerrou também aeroportos por onde podia chegar ajuda, leva as pessoas, a estrutura da seleção a perder um pouco o foco. Não podemos ficar insensíveis", reforça Abel Xavier, relembrando que o seu grupo "representa o povo" moçambicano. Por isso salienta que agora "o compromisso e a responsabilidade são maiores" para se alcançar a qualificação para a Taça de África das Nações.
"Já pedimos autorização à Confederação Africana para podermos entrar com uma faixa a simbolizar a união e jogarmos com fumos negros em homenagem ao povo. O sentimento é de grande união e coesão. Os jogadores vão dar o melhor para ganhar e homenagear o povo. Vamos jogar em nome do país, da Beira e das zonas devastadas", concluiu Abel Xavier.