Abel Ferreira defende Fluminense após vitória: "Não gosto de memória curta"
Palmeiras venceu em casa do Fluminense por 2-1 e o técnico português saiu em defesa da sua equipa e do avançado Vitor Roque, mas também deixou palavras amigas para o adversário
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O Palmeiras, treinado por Abel Ferreira, venceu por 2-1 em casa do Fluminense na madrugada desta quinta-feira, subindo à terceira posição do Brasileirão, com 29 pontos (tem menos um jogo do que o “vice” Flamengo, com 33, e menos dois do que o líder Cruzeiro, de Leonardo Jardim, que tem 34).
O “Verdão” somou a sua segunda vitória seguida no campeonato através de Maurício (45’+4’) e Vitor Roque (62’), que aplicaram uma reviravolta após um golo inaugural de Germán Cano, de penálti, aos 36’.
No final do jogo, Abel saiu em defesa da sua própria equipa, criticando a imprensa desportiva no Brasil e vincando que o Palmeiras tem um plantel preparado para o “presente e futuro”.
“Há uns amigos seus que dizem que o treinador do Palmeiras não serve, que é fraco, que faz sempre a mesma coisa. Como são só opiniões, você tem a sua, os outros têm as deles e às vezes fazem de propósito porque convém, alguém manda. Temos uma equipa jovem, uma equipa para o presente, futuro e temos margem para melhorar. Vamos ganhar e perder. Vão dizer que somos os melhores e os piores. Mas não podemos duvidar do nosso valor, trabalho, resiliência, consistência e coragem que temos de ter para muitas vezes tapar o ouvido e os olhos. Mais do que críticas construtivas, são críticas ofensivas e isso é triste. A liberdade acaba quando começamos a tocar na do outro. Estamos num mundo que não há filtros”, lamentou, defendendo também o avançado Vitor Roque, que se tornou na contratação mais cara de sempre no Brasil ao deixar o Barcelona por mais de 25 milhões de euros e não marcava um golo pelo Palmeiras há mais de dois meses.
“Quem teve de ouvir foi ele. Ele já sabe. Para se ser jogador neste país e aguentar as críticas selvagens que fazem a jogadores com 20 anos, independentemente de se ganham muito ou pouco, chamam-lhes cepo. Há e isso deixa marcas emocionais nos jogadores. Estamos a falar de um jogador que é capaz e nós parece que vivemos num mundo perfeito, em que toda a gente faz tudo perfeito no trabalho. Aqui é 8 ou 80. Agora vão dizer que ele é o Pelé. Mas não é. É o mesmo Roque, tem defeitos e virtudes como todos. Claro que [o golo] é bom, aumenta a confiança dele. É manter os pés na terra. temos de melhorar, ele individualmente, não só coletivamente, e temos de manter esta melhoria, olhar para os jogadores que temos agora e procurar a melhor forma. Porque aqui só importa quando ganhamos, nada mais importa”, apontou.
O técnico português guardou ainda palavras amigas para o... Fluminense, que soma três derrotas consecutivas e caiu para o oitavo lugar do Brasileirão depois de ter sido a equipa brasileira que mais longe chegou no Mundial de Clubes, sendo apenas eliminada pelo campeão Chelsea nas meias-finais.
“Os adeptos do Fluminense que me perdoem, é só opinião pessoal, mas fico triste, desiludido e reflito, porque o Fluminense foi a equipa que melhor representou o futebol brasileiro no Mundial, foi recebida pelos seus adeptos no aeroporto e fico muito triste, independentemente de termos ganhado, por ver a massa adepta vaiar esses jogadores que tanto orgulho deram aos adeptos do Fluminense. Para não falar de que perderam o seu melhor jogador [Jhon Arias]. Isso deixa-me triste. O adepto tem a função de apoiar, ainda mais pela equipa que teve a [melhor] representatividade no Mundial. Se fosse no meu Palmeiras, diria a mesma coisa. O que não gosto no futebol é memória curta, tão curta que em menos de um mês essa equipa estava nas [meias] finais do Mundial e em 10 dias sai assobiada. Isso não é futebol, desculpem. Foram jogos intensos e eles ganharam não só o prestígio, mas dinheiro. Isso tem um cansaço mental absurdo e eles perderam o seu melhor jogador. Não é tirar um e colocar outro. No Mundial tinham três dias para descanso, aqui não têm. Isso é uma vergonha e ninguém fala. Lá havia relvado bom”, comparou.