À margem de um estudo da Universidade de Harvard, o diretor executivo do Real Madrid voltou a justificar o apoio dos "merengues" à Superliga Europeia com várias farpas para a UEFA
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A Harvard Business School, nos Estados Unidos, realizou recentemente um estudo sobre a mudança de paradigma, em termos de contratações, verificada nos últimos anos no Real Madrid, que deixou de apostar em reforços sonantes, como nos tempos dos “Galácticos”, preferindo investir em talentos jovens.
Nesse âmbito, José Ángel Sánchez, diretor executivo do gigante espanhol, explicou o que motivou essa troca de prioridades, frisando a sua crença de que, no futebol, a mudança é necessária. Com base nesse discurso, não hesitou em visar a UEFA, voltando a justificar o que está por detrás do apoio do seu clube e do Barcelona à introdução da Superliga Europeia.
“Se queremos preservar a posição de liderança do futebol na indústria do desporto e do entretenimento, temos de mudar o sistema. Os órgãos regentes da UEFA são como os músicos do Titanic, que continuaram a tocar mesmo depois de o barco afundar. O sistema tal como o conhecemos acabou, precisamos de organizar as coisas de forma diferente na indústria. Essa foi a razão por detrás da Superliga e agora é algo ainda mais urgente”, defendeu, em declarações reproduzidas pelo jornal The Guardian.
Traçando uma comparação com os lucros gerados pelos direitos televisivos da Premier League, o diretor "merengue” reforçou o seu “ataque” à UEFA com outra referência cinematográfica, dizendo que o Real Madrid se sente “como o povo de Astérix num mundo dominado por romanos”.
“Os lucros dos direitos televisivos [da Premier League] são tão altos que estão a dificultar competir em Espanha e em outros clubes da Europa continental. É uma concorrência desleal, especialmente resultante de fundos soberanos serem proprietários de clubes e dos órgãos regentes, que não agiram para travar o crescente domínio desses clubes. Eles [UEFA] não podem ou não querem garantir uma concorrência honesta entre clubes”, criticou, referindo-se aos casos do Manchester City e PSG.
“Nós também sentimos que temos a nossa poção mágica: somos um clube muito especial, com uma forte tradição, mas continuamos a ter de travar estas batalhas para nos defendermos. Uma coisa é lutar contra empresas privadas, outra é lutar contra os países que possuem clubes e que têm bolsas infinitas de dinheiro”, acrescentou, argumentando que os clubes deveriam deter o controlo total dos seus direitos televisivos em contexto europeu e não a UEFA.
“Somos defensores de um modelo em que os clubes possam determinar o seu próprio destino, como acontece em quase todos os desportos ou até no futebol ao nível nacional. Um modelo em que tenham controlo sobre como as competições são geridas e em que possamos criar relações individuais com os nossos adeptos. Tomemos o caso de um adepto do Real Madrid que vive em Osaka, no Japão. Atualmente, esse adepto vê os nossos jogos da Liga dos Campeões através de uma emissora japonesa, que paga à UEFA e a UEFA paga-nos a nós. Se organizássemos a competição europeia, poderíamos retirar o intermédio destes jogos e criar uma relação mais direta com o adepto. E como temos tantos fanáticos em todo o mundo, poderíamos aumentar significativamente as nossas receitas de transmissão, assim como vender mais patrocínios e merchandising”, concluiu.