Sub-21 somam 17 caras novas, mas Rui Jorge tem às ordens grupo cheio de campeões perimentados
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"Não se trata de sangue novo, trata-se de uma mudança de geração". Eis como Rui Jorge explicou o facto de ter 17 caras novas, num total de 23, com as quais vai tentar reerguer os sub-21, que em novembro de 2018 chocaram de frente com a realidade, perdendo o acesso ao Europeu da categoria no play-off, contra a Polónia, e percebendo aí que a reforma do grupo era um cenário irreversível.
Dos 24 futebolistas chamados para esse duplo-compromisso, sete já tinham 22 anos, ou seja, hoje já não poderiam iniciar novo percurso; a geração de 1999 estava a pedir oportunidades e o selecionador abriu a porta, mas também deixou entrar quatro de 2000 e ainda um miúdo de 17 anos, Tomás Esteves. Chegou a hora da nova vaga, composta por atletas "batidos" para a idade e que já pisam como adultos nos "grandes" de Portugal.
Ao som dos rufos segue-se o detalhe, descascado por O JOGO, por exemplo, com o comparativo entre estas duas gerações através dos quadros em anexo. Os mais novos são fáceis de arrumar: para além de Esteves, na defesa, há ainda o central Tiago Djaló, titular nos franceses do Lille, e Nuno Tavares, que no arranque de temporada tem sido escolha de Bruno Lage no Benfica. E por falar em indiscutíveis, Romário Baró, médio que Sérgio Conceição puxou para o plantel principal e que na Luz mostrou a maturidade do seu futebol. Pedro Neto, que representa os Wolves de Nuno Espírito Santo, é o jovem que nos faltava nomear.
"Conheço praticamente todos e muitos passaram por mim, mostrando sempre grande qualidade e grande potencial. É um grupo de campeões nacionais, mas também de campeões da Europa", lembra Bino, técnico com forte passado ligado à formação, no FC Porto, clube que em abril deste ano venceu a Youth League - a Champions dos "canteranos" - e que, para além de Tomás Esteves e Baró, mostrou o guardião Diogo Costa e os centrais Diogo Leite e Diogo Queirós. Os campeões da Europa não se limitam aos portistas, pois em 2018, entre os sub-19, que por Portugal bateram a Itália por 4-3, estavam também os nomes de João Virgínia, Thierry Correia, Rúben Vinagre, Domingos Quina, Florentino, Nuno Santos e ainda Jota. "Será uma mudança pacífica e boa, porque há muito talento. Para o Rui [Jorge] difícil será fazer um onze, pois tem enorme oferta, com futebolistas que já são aposta nos seus clubes, como o Florentino no Benfica ou o Romário Baró no FC Porto", prosseguiu, em conversa com o nosso jornal, o antigo futebolista.
"É um grupo de campeões nacionais, mas também da Europa. Para o Rui será difícil escolher um 11"
Ainda em jeito de apresentação, mas já com a conclusão no horizonte, nota para os 13 futebolistas que nos últimos meses fizeram parte da seleção de sub-20, casos dos três guarda-redes ou quatro dos cinco avançados. Mudança geracional? Rui Jorge tem razão e, segundo os especialistas, um plantel talhado para vencer, baseado no que diz ser o espelho da formação que progride em Portugal, a cada vez maior oferta e um talento que marca pela diferença.
A fechar, resta nomear quem desta nova lista está no topo da hierarquia de idades... com 21 anos: Pedro Pereira e Dany Mota, este último, agora na Juventus, é uma estreia absoluta.
Mais controlo com vertigem
Para lá dos títulos e dos números que ajudam a perceber esta mudança nos nomes que compõem a estratégia de Rui Jorge, também quisemos perceber em que sentido este grupo de futebolistas é diferente em relação ao que em novembro de 2018 deixava pelo caminho a possibilidade de estar no Europeu que se disputou em São Marino. Recorremos, por isso, a Bino, antigo futebolista de Sporting e FC Porto que passou vários anos na formação dos azuis e brancos onde, por exemplo, dirigiu Romário Baró. O ex-médio tem poucas dúvidas: esta seleção, e se querer beliscar o que veio atrás, prima pela capacidade que tem na posse, mas também na vertigem de alguns dos seus jogadores.
O JOGO foi buscar um especialista em formação para nos dar a conhecer - melhor - o que Rui Jorge tem entre mãos. Sabem mudar o ritmo quando têm bola e saem rápido para
"É sem dúvida uma geração que gosta de ter a bola e que pode ser aproveitada para jogar em ataque posicional. Tem futebolistas que controlam muito bem o jogo quando as coisas estão a seu favor e outros que saem em transições rapidíssimas. Vai ser uma equipa interessante de poder acompanhar", adiantou, lembrando, por fim, a questão da polivalência: "Vamos ver em que sistema se vai organizar, até porque o Rui usa um 4x4x2 organizado em losango. Mas sem dúvida que tem jogadores que podem jogar na frente ou encostados à linha, como é o caso do Jota. Independentemente disso, acredito que o rendimento será alto e que terão imenso sucesso."
A caminhada rumo ao Euro"2021, na Eslovénia e Hungria, arranca no dia 5 com Gibraltar, em Alverca, e passa, dia 10, pela Bielorrússia. Grupo 7.