O II Congresso do Futebol de Angola, a realizar-se em Luanda nos próximos dias 9 e 10, promete revelar e discutir a nova ordem e as plataformas para redimensionar o produto interno
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Nos seus mais diversos segmentos, o futebol angolano será objeto de uma dupla jornada que se pretende de ampla discussão. Os próximos dias 9 e 10 marcam a realização do II Congresso do Futebol de Angola, em Luanda, um evento que irá abranger as principais áreas suscetíveis de incrementar e impulsionar uma melhor prática e acautelar já o futuro do desporto-rei naquele país africano, que passará impreterivelmente por um melhor trabalho do talento nacional. A convenção é da responsabilidade conjunta da Federação Angolana de Futebol (FAF), da Academia de Futebol de Angola e do projeto Talent Spy - F3M Angola, plataforma tecnológica dedicada a scouting, gestão de jogadores e equipas, com incidência na análise de dados individuais e coletivos. Luisinho, ex-internacional angolano que passou pelo Braga e vários outros emblemas portugueses, explicou a O JOGO quais as principais linhas de força que norteiam a nova ordem do futebol daquele país africano.
"Pretende-se redimensionar o que sempre existiu. Falo do talento do futebolista angolano e a sua projeção e divulgação para fora de portas, designadamente em Portugal, com base em avanço tecnológico e qualitativo", esclareceu Luisinho, que sustentou: "Em Angola, os clubes têm pouca sustentabilidade financeira e é importante criar uma gestão viável a partir justamente de uma melhor definição do talento do nosso jogador. O objetivo é, em cinco ou seis anos, alterar radicalmente o estado de coisas e conferir ao jogador de qualidade angolano o estatuto e o retorno financeiro devidos."
A segunda edição desde encontro terá como painéis de discussão os temas "Captação e Gestão do Talento no Futebol"; "Talento - Passado, Presente e Futuro"; "Seleções Provinciais e Nacionais"; "Marketing e Scouting"; "Contratos e Transferências Internacionais"; "Organização de um Departamento de Scouting" e "Da observação ao Treino".
Entre os palestrantes figuram o presidente da FAF, Artur de Almeida; o selecionador nacional de Angola, Beto Bianchi - que fez os Palancas Negras subir 11 lugares no ranking da FIFA; Mateus Gonçalves, diretor da Rádio LAC; o diretor de La Liga para África António Barradas; o diretor-geral da Academia de Angola, José Luís Garrido, entre outros dirigentes, treinadores e praticantes de relevo no futebol daquele país dos PALOP.
Talent Spy: como forma de inovar
Vocacionada para tecnologias da informação e comunicação, a empresa bracarense F3M Information Systems desenvolveu um software específico para scouting. Totalmente portuguesa, esta nova plataforma permite gerar bases de dados próprias, bem como armazenamento, organização e comparação de dados relativos a jogadores, jogos e provas. A sucursal da F3M em Angola é parte ativa no congresso (ler peça principal) e a relevância do Talent Spy foi amplamente enaltecida por Luisinho no âmbito da renovação em curso. "Estamos a desenvolver um trabalho conjunto entre várias entidades e o projeto F3M Angola- Talent Spy, que proporciona esta ferramenta, promete ser fantástico. Estamos a falar de um utensílio de importância nevrálgica que vai permitir avaliar e trabalhar melhor cada atleta", referiu.
Mantorras: o último vestígio
Durante a conversa com O JOGO, Luisinho defendeu existirem "hiatos" entre as gerações de talentos gerados em Angola que vingaram em Portugal. De momento, sente até "um vazio". O ex-avançado argumentou: "Nos anos 1970, tivemos o Dinis e o Jordão, por exemplo. Depois surgiram Vata, Abel Campos, que foram vice-campeões europeus pelo Benfica, o Saavedra, Akwá, Paulão, Bodunha, passando até por Wilson, Franklim, Lito Vidigal. Isto até ao Mantorras (na foto). Eu próprio fui Melhor Marcador numa edição da Taça de Portugal. Depois gerou-se esse vazio..."