A queda do gigante dos pés de barro: Guangzhou desceu de divisão na China
Órfão dos milhões da imobiliária Evergrande, o Guangzhou desceu, esta terça-feira, à segunda divisão e o fim pode estar para breve. Vencedores de oito ligas entre 2011 e 2019 e campeões asiáticos em 2013 e 2015, os tigres tiveram Jackson, Talisca, Paulinho e Robinho no plantel, mas não resistiram à crise financeira pós-covid.
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Sinónimo de saúde financeira e terror dos clubes europeus nos últimos dias das janelas de transferências, o Guangzhou viu a sua vida dar uma volta de 180 graus no último ano e, esta terça-feira, viu sentenciada a queda à segunda divisão da China. Com um plantel exclusivamente formado por jogadores locais e longe da força da sua "era dourada", os tigres somaram apenas 17 pontos em 33 jornadas e a descida poderá significar o fim de um projeto que resultou em oito campeonatos chineses entre 2011 e 2019, além de duas Ligas dos Campeões da Ásia (2013 e 2015).
Considerado no início da última década como o "El Dorado" do futebol internacional, à boleia de avultados salários e verbas para transferências quase ilimitadas, o futebol chinês continua, assim, numa via sacra decretada pela falência dos grandes patrocinadores. Durante vários anos, a ambição do Guangzhou foi alimentada pelos milhões do gigante imobiliário Evergrande, mas os efeitos nefastos da pandemia da covid-19 na economia do país terminaram com a frutuosa parceria. Face ao declínio da procura de casas, a Evergrande abriu falência após anunciar 281 mil milhões de euros de prejuízo, tornou-se a empresa mais endividada do mundo e fez estoirar a bolha imobiliária chinesa. Para se ter uma ideia, a empresa chegou a demolir vários arranha-céus inacabados na província de Yunnan por considerar que essa era a opção mais viável a nível financeiro.
O período áureo do Guangzhou Evergrande ocorreu entre 2014 e 2018, quando conseguiu ter em carteira alguns dos melhores jogadores do campeonato chinês nos seus quadros. Um investimento de 235 milhões de euros dividido por esses quatro anos trouxe para a capital de Cantão um naipe de jogadores encabeçado pelos recordistas Jackson Martínez e Paulinho, contratados a Atlético de Madrid e Tottenham, respetivamente, por 42 M€. Anderson Talisca (contratado ao Benfica), Gudelj (que passou posteriormente pelo Sporting), Robinho, Gilardino, Diamanti, Ricardo Goulart e Alan foram outros dos craques que vestiram a camisola dos tigres nesse período.
Crise motivou dissolução do campeão de 2020
A descida do Guangzhou Evergrande e do Hebei - que chegou a pagar ao avançado Lavezzi o oitavo maior salário a nível mundial, em 2016 - surgem na sequência do drama vivido pelo Jiangsu Suning. Campeão em 2020, o clube foi dissolvido três meses após a conquista do título devido às dificuldades financeiras do Grupo Suning, detido por Zhang Jindong, que optou por manter a participação maioritária no Inter e abandonar o projeto iniciado em Jiangsu, em 2015.