"A maior surpresa foram os estádios cheios, independentemente de quem jogue"
ENTREVISTA, PARTE I >> Na primeira época na Polónia, ao serviço do Radomiak Radom, João Henriques encontrou um campeonato “competitivo” e conseguiu assegurar a permanência, que era o principal objetivo.
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Numa nova experiência no estrangeiro, agora na Polónia, João Henriques admite que as bancadas cheias em todos os jogos o surpreenderam e considera que Portugal devia seguir o exemplo. Num campeonato “aliciante”, o treinador gosta de manter o espírito aventureiro.
Está a ter a primeira experiência na Polónia. A adaptação foi fácil?
—Foi uma adaptação muito fácil, porque viemos com a possibilidade de fazer uma pequena pré-temporada de duas, três semanas, o que facilitou um bocadinho a entrada a meio da época. Por isso, foi uma adaptação fácil, num contexto muito específico, mas que para nós também não foi grande novidade. É um contexto que passámos há pouco tempo na Eslovénia [pelo Olimpija Ljubljana], uma situação idêntica destes géneros de países que têm campeonatos muito interessantes.
Não deve ser fácil entrar num projeto a meio. Quais foram as maiores dificuldades?
—Entrar a meio da época é obviamente mais difícil, porque normalmente o plantel é construído pelo treinador anterior, com as ideias do treinador anterior, e temos de nos adaptar. Felizmente, na altura em que entrámos, tivemos a vantagem de ter a janela de mercado aberta e fizemos algumas aplicações para a nossa ideia de jogo. Foi importante termos esse período e também foi importante o clube ter abertura para nos dar os jogadores que achávamos que eram importantes para os objetivos a que o clube se propunha.
Como é que descreve o campeonato polaco? O que mais o surpreendeu?
—A maior surpresa foram os estádios bastante recentes, com grandes capacidades de espectadores e completamente cheios todas as jornadas, independentemente das equipas que joguem. Acho que é uma lição muito interessante para Portugal poder acompanhar, porque sabemos que no nosso país só os clubes grandes conseguem fazer isso. Depois, o campeonato é competitivo ao ponto de qualquer equipa, mesmo que lute pelo título, poder perder jogos a qualquer momento. Não é tão linear como em Portugal, onde os grandes também ganham 70, 80, 90 por cento dos jogos. Aqui não, qualquer equipa pode tirar pontos e vencer os principais clubes que estão a lutar pelo título. As diferenças entre os clubes que lutam pelo título e os clubes que lutam pela permanência não são tão distantes como em Portugal. Naturalmente, isso torna o campeonato muito interessante e competitivo, com bons jogadores em todas as equipas.
Regressando aos objetivos, conseguiu assegurar a permanência. Que balanço é que faz da temporada?
—A permanência era o grande objetivo. Foi conseguido a quatro jornadas do fim. Não era expectável quando chegámos. Pensávamos que só iríamos conseguir na última jornada, pois o campeonato é muito equilibrado. Balanço extremamente positivo porque conseguimos quebrar vários recordes. Conseguimos o recorde de golos na primeira liga polaca, conseguimos 1.5 pontos de média por jogo que é também recorde para o clube. Nesta liga “primavera”- janeiro até agora- nós, nesta altura, estaríamos num sexto lugar que é realmente acima das expectativas iniciais
O que de melhor retirou desta experiência? Esta época correspondeu às expectativas?
—Abrimos um novo mercado. Vimos uma nova realidade. Um campeonato muito competitivo, com os estádios sempre cheios, com jogadores e equipas de qualidade. Qualquer equipa pode vencer qualquer jogo. Foi uma experiência muito boa. Há condições de trabalho e os estádios costumam estar sempre cheios com grandes ambientes. Uma surpresa muito agradável.
O que espera do futuro? Pretende continuar na Polónia?
—Temos contrato mas estamos a negociar a renovação. Queremos melhorar o que fizemos nestes quatro meses. Queremos mais e melhor, mas sabemos que o campeonato é muito competitivo. Temos confiança no nosso trabalho e na evolução do clube, que vai para a quinta época consecutiva na I Liga. Queremos ajudar o clube a consolidar o clube com melhores classificações e performances. O clube está a crescer e este é um campeonato extremamente aliciante. Se tiverem todas as condições reunidas, o Radomiak pode fazer um bom campeonato na próxima época e melhorar o que fizemos.