Marcar golos é com o avançado de 43 anos, mas a sua especialidade mesmo é transferir-se. Por 11 países diferentes, a mudança para o 30º clube da carreira já é especulada
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Do Uruguai ao Brasil. Da Argentina ao Chile. De El Salvador ao Equador. Do Paraguai ao México. De Espanha à Grécia e até a Israel. Não, não estamos a adaptar a letra de "Latin'américa", dos inesquecíveis Jafumega. Trata-se mesmo da incrível carreira de Washington Sebastián Abreu Gallo, o Loco Abreu, que, com 43 anos, não para de jogar... nem de se transferir.
É isso mesmo: o colorido atacante uruguaio continua a dar largas ao seu trajeto de saltimbanco, razão porque é, nada menos, do que o mais transferido de um clube para outro entre todos os jogadores profissionais de futebol, segundo o livro de recordes do Guinness, que o levou por onze países.
Loco Abreu sempre teve um apetite assinalável por golos, os quais colocou ao serviço da mais vantajosa proposta, mas a sua especialidade mesmo é transferir-se. Esteve quase a seguir para o 30º clube da carreira, mas, para já, tudo não passou de uma brincadeira.
Atualmente no Boston River, o internacional pelo Uruguai é atualmente jogador-treinador. Loco Abreu continua a fazer as delícias do público sul-americano, particularmente o brasileiro, onde o canhoto é ídolo indisputado do Botafogo, emblema histórico do Rio de Janeiro que defendeu entre 2010 e 2012, assinando 62 golos.
Desconcertante no estilo, no discurso e no percurso, o excêntrico avançado, que é supersticioso até aos ossos, ainda hoje se arrepende de não ter aproveitado o curso que tirou de jornalista, como confessou em público.
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A última vez em que o jogador-treinador do Boston River fez as manchetes sucedeu antes da viragem do ano, quando foi anunciado, com pompa, como reforço do União Cacoalense. O leitor perguntará de quem se trata... Pois trata-se de um emblema do estado brasileiro de Rondónia, mas o presidente do mesmo, Wesley Dias, veio a público dizer que, afinal, tudo não passava de "uma brincadeira".
A verdade é que Loco Abreu, o especialista em penáltis à Panenka ainda mexe e ameaça transferir-se de novo.
https://www.youtube.com/watch?v=GE7bJai5iTs
Um andarilho, alguns títulos, muitos clubes, vários golos
Antes de ser Loco, Sebastián Abreu começou por destacar-se no Defensor Sporting - fazendo uso da elevada estatura que o levou a considerar o basquetebol -, do seu forte jogo de cabeça e de um pé esquerdo preciso... ao qual o direito também não devia muito. O sonho de Loco era seguir para o seu adorado Nacional, mas cruzou o Rio da Prata rumo à Argentina e demandou ao San Lorenzo, em Buenos Aires. Era a primeira de muitas transferências. Era o primeiro de alguns títulos - são oito, até hoje.
Quase todos símbolos de todos os clubes que representou estão, diga-se, colados à cuia de chá mate que sempre acompanha o dianteiro, faltando-lhe o Rio Branco.
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Loco só quatro anos depois de deixar o San Lorenzo chegou a Montevideu e o clube ao coração, isto - alto lá... -, depois de passar por Corunha (Espanha), Grémio (Brasil), Estudiantes Tecos (México) e outra vez pelo San Lorenzo. No Tecos, de Guadalajara, fez a sua melhor época até hoje: 35 aparições em campo, 29 tiros no fundo da rede.
A fama de andarilho adensou-se depois e ainda não terminou. A seguir ao seu adorado Nacional, Loco colocou os seus instintos matadores ao serviço da melhor oferta ao estilo corsário, mas foi no Botafogo que se escreveu a maior história de amor do internacional pela seleção celeste. O uruguaio só é ídolo no clube da estrela solitária e ainda hoje há quem especule com o seu sebastiânico regresso (vídeo abaixo).
https://www.youtube.com/watch?v=JAN8pOjZh_U
O segredo da longevidade
Mais recatado e menos aventureiro (43 anos são sempre 43 anos...), Loco Abreu agora divide-se entre o campo e o treino, mas já fez saber que não está interessado numa carreira de técnico em exclusivo. Para já, o truque vai sendo o seguinte: "Tenho escolhido bem os lugares onde atuo, em função do meu jogo e também do meu idioma. Se for a um lugar com uma língua que não conheço, perco 30% do meu potencial."
Talvez tenha sido por isso que o esquerdino falhou sempre que se atirou para fora de pé, leia-se na Grécia e em Israel. Onde se fala o seu castelhano ou o português tão familiar aos uruguaios, a coisa corre livre. E continua a correr, por esses clubes fora.
Os 29 emblemas que representou
Abreu jogou aqui: Defensor Sporting, San Lorenzo, Corunha, Grémio, Tecos, Nacional, Cruz Azul, América, Dorados de Sinaloa, Monterrey, San Luis, Tigres, River Plate, R. Sociedad, Aris, Botafogo, Figueirense, Rosário Central, Aucas, Sol de América, Santa Tecla, Bangu, Central Español, Puerto Montt, Audax, Magallanes, Rio Branco e Boston River.