A hora da superação: Espanha e Portugal com média de quase 50 jogos esta época
Depois de uma época longa, Fernando Santos e a equipa técnica nacional tiveram de elaborar um plano de preparação para que os futebolistas possam dar uma boa resposta em quatro jogos em dez dias.
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A bela e quente cidade de Sevilha vai receber esta quinta-feira o duelo ibérico, num jogo entre os dois países apresentaram uma candidatura conjunta à organização do Mundial"2030.
O Espanha-Portugal é o grande cartaz do grupo, do qual fazem ainda parte a Suíça e a Chéquia, mas surge numa altura em que os jogadores são obrigados a uma superação física e mental, depois de uma época desgastante.
Jogadores como Busquets e João Cancelo, titulares no encontro de hoje, cumprem o 58.º jogo esta temporada e tudo indica que vão chegar às seis dezenas, tendo em conta que as duas seleções vão realizar quatro jogos no espaço de dez dias. "Acho claramente exagerado e acho que nunca aconteceu. Vamos jogar depois de uma época altamente desgastante. Se está estabelecido que são precisas 72 horas para recuperar... A partir de certa altura da época já não chegam. Temos de ter muito cuidado para termos os jogadores bem", avisou Fernando Santos, revelando as dificuldades que sente no trabalho diário.
"Se fazes um treino com mais de 60 minutos, começas a sentir que os jogadores estão a abanar um bocadinho. Penso que também irá acontecer com os meus colegas. Repetir o mesmo onze em quatro jogos, nem pensar", disse.
Para combater o desgaste provocado por uma época tão longa, o selecionador nacional e a sua equipa técnica elaboraram um plano a pensar em todos os casos. "Houve muitos que acabaram mais cedo e, por isso, foram chamados mais cedo. O que procurei foi dar quatro dias a cada um, por isso é que o Patrício e o Jota se apresentaram depois. O caso do Pepe foi mais particular, fui eu que achei que era melhor ele chegar no dia 30", explicou.
João Aroso, preparador-físico da Seleção Nacional entre 2010 e 2014, tendo marcado presença nas fases finais do Europeu"2012 e no Mundial"2014, falou a O JOGO sobre as dificuldades para preparar uma competição no final de uma época, reconhecendo que, desta vez, o tempo é mais curto para os jogadores recuperarem entre o final das competições nos clubes e o início da Liga das Nações. "Primeiro depende do perfil de cada jogador e há certamente um conhecimento grande sobre cada um deles, seja por parte da equipa técnica, do departamento médico e do da unidade de saúde e performance. Tudo isso é relevante. Trabalhei com jogadores que jogavam praticamente todos os jogos durante uma época e, mesmo assim, conseguiam chegar a uma fase final e mantinham um ritmo elevado", recordou, ressalvando outro aspeto importante. "Tem a ver com aquilo que se proporciona em termos de treino. Nesta altura é preciso muito cuidado porque há jogadores que tiveram mais minutos e outros que não tiveram assim tanto tempo. Aqueles que estão mais carregados em termos de carga competitiva, é preciso um cuidado com a gestão do esforço deles. É muito importante treinar o plano tático/estratégico, porque o Fernando Santos e a sua equipa técnica estão muito pouco tempo com os jogadores, mas ao mesmo tempo há limitações enormes que têm a ver com o momento da época."
O antigo adjunto de Paulo Bento destaca "o bom senso que a equipa técnica tem tido de conceder tempo de descanso físico e mental aos jogadores após terminarem a atividade nos clubes", assumindo que "essa é uma gestão difícil, porque os campeonatos terminaram em momentos diferentes."