"A Google é autêntica cúmplice deste roubo audiovisual que nos estão a fazer"
Javier Tebas, presidente da La Liga, disse, esta sexta-feira, estar contra o Mundial de Clubes e criticou empresas como a Google e a Apple, acusando-as de "roubar direitos audiovisuais".
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O líder da liga espanhola esteve presente no Thinking Football, no primeiro painel do dia, e abordou vários temas, entre eles a pirataria e em como a mesma é prejudicial para o futebol.
"Estamos numa fase em que se não conseguimos lutar corretamente ou eliminar a pirataria, não vamos crescer. Quem pagou pelos nossos direitos tem menos subscritores, porque as pessoa vêm através da web, da VPN. Quando queremos renovar contratos, vão pagar.nos menos. Este é um problema dos titulares, não do operador audiovisual. Tenho a sensação de que não há uma consciência clara disto. Sabemos bem como funciona a pirataria e que atores há. Há empresas muito importantes que são cúmplices. A Google, sobretudo, é autêntica cúmplice deste roubo audiovisual que nos estão a fazer. Mantemos contactos bastante duros com eles.
Se queremos lutar bem contra isto, a chave não é dizer isso. Isso digo todos os dias. Vamos denunciar quem nos rouba, porque é cúmplice. Porque aí está o problema. Se a Google quisesse eliminaria 90% da pirataria. Estas grandes companhias podem solucionar, logicamente. Mas não querem. Se não estivermos conscientes de que há muitos atores na pirataria e de que todos nos estão a roubar, não solucionaremos o problema", atirou.
Tebas mostrou-se contra o Mundial de Clubes - "afeta a competividade, os clubes maiores vão ter mais receitas e o 'gap' aumenta" - e abordou também a centralização dos direitos audiovisuais, analisando o caso de Portugal.
"O futebol, e quase todos os grandes desportos, têm os direitos audiovisuais centralizados na organização que gere a competição. Isso terá uma razão de ser. Os portugueses não serão melhores por terem a venda desses direitos individualizados, quando o resto do mundo não o tem. Em Portugal, há esta lei que diz que os direitos têm de ser centralizados antes de 2028. Isto permite haver um espaço, que é muito importante e que não aconteceu em Espanha ou em Itália, para estabelecer como é que vamos dividir os direitos audiovisuais pelos clubes. Porque esse é o maior problema. Em Espanha, quando falámos disto, ninguém queria. Estive quase um ano e meio a negociar com o Governo e os clubes estavam sempre a perguntar como é que íamos dividir. Eu disse-lhes sempre para não se preocuparem porque iam ficar incomodamente satisfeitos. Não confortáveis, mas satisfeitos. Isto significava que a divisão não seria má, talvez quisessem mais, mas nunca seria má. Mas é necessário, porque é muito difícil que consigas convencer todos os clubes sobre a distribuição. Há um clube que pensa que é melhor que o outro, é normal", sublinhou.