"A diferença no nosso campeonato é tão grande que acaba por ser agoniante"
ENTREVISTA, PARTE III >> A O JOGO, Armando Evangelista revela o que pretende para a carreira e fala das diferenças na I Liga
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Tem tido propostas para regressar ao ativo? O que procura para o futuro?
- Um clube que me dê estabilidade para desenvolver um trabalho. Para onde o mercado me levar e onde sentir que me podem dar essas condições, eu vou. Já rejeitei propostas porque senti que não me davam o que procuro.
Que balanço faz da experiência no Goiás, do Brasil?
- Sentia que queria experimentar uma coisa diferente. E surgiu, entre alguns países, a possibilidade do Brasil. Quis experimentar. Em boa hora o fiz, porque foi um momento de aprendizagem enorme. Foi uma experiência que me valorizou muito enquanto treinador. Acho que foi o passo certo no momento certo. E no campeonato certo e no contexto certo. É muito mais intenso do que cá. Não existe um lugar vazio nas bancadas em lado nenhum. E é um campeonato muito disputado.
O que tem achado do campeonato português?
- Ainda vejo uma diferença muito grande. O nosso campeonato baseia-se nisto: três, quatro clubes que sabemos que vão ser os crónicos candidatos a alguma coisa no topo da tabela. Depois, há meia dúzia que sabemos que vão lutar só pelos lugares no meio da tabela. Os restantes, vão lutar pela permanência. Dificilmente temos uma surpresa, isto reflete a falta de competitividade. Todos falam que a competitividade era boa para o nosso campeonato, mas a verdade é que andámos há anos a falar nisto e ela não existe. Um duelo entre um dos clubes que luta pelos lugares cimeiros contra outro que luta pela permanência é agoniante para quem está a ver. A diferença é tão grande que acaba por ser agoniante. Estruturalmente, o nosso campeonato não permite que haja equilíbrio. Quando um clube que luta pelo primeiro lugar tem um orçamento 20 ou 30 vezes maior do que um clube que luta para não descer, é óbvio que não pode haver equilíbrio.