"95 por cento dos meus amigos da favela não existem mais, estão mortos"

Felipe Melo, médio brasileiro que concedeu entrevista ao "Clarín", na qual teceu rasgados elogios a Lionel Messi, revelando como a seleção camarinha se preparava para defrontar a Argentina, também recordou os tempos de infância, que viveu "na pior favela do Rio de Janeiro". Foram momentos bastante complicados, como admite, mas preferiu a "face boa" da moeda.

"Nasci e cresci na pior favela do Rio de Janeiro. A minha mãe estava sempre em casa connosco [são três irmãos] e o meu pai trabalhava todo o dia. Claro que não tinha grandes comodidades mas nunca me faltou nada. Desde pequeno que sonhava jogar futebol e, se o futebol não "viesse", não sei o que seria da minha vida. Era futebol ou futebol. Às vezes ia treinar e no regresso descobria que um dos meus amigos tinha sido baleado", começou por contar.

"95 por cento dos meus amigos da favela não existem mais, estão mortos. Escolheram outro caminho e não existem mais. Os cinco por cento que ficaram, conseguiram sair, trabalhar e ganhar a vida", continuou.

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"Vi coisas incríveis na favela que é melhor nem falar. Tive oportunidade mas nunca me quis meter na droga nem ter armas. Preferi o outro caminho. Lembro-me dos líderes dos gangues da favela me dizerem "tu tens futuro, não te quero mais ver aqui, se voltar a ver-te, dou-te um tiro na cabeça. Preferi trabalhar e não ganhar o dinheiro fácil", concluiu.