O primeiro jogo internacional da equipa de futebol feminino do Vaticano devia ter acontecido no sábado, mas protestos das jogadoras austríacas e do público sobre o aborto e pró-LGBT motivaram a retirada.
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Não foi certamente com a intenção de ter este tipo de mediatismo que o Vaticano criou, no mês passado, uma equipa de futebol feminino para as trabalhadoras e esposas dos funcionários da Santa Sé - cerca de 750 mulheres, num total de 4800 funcionários -, mas aquele que seria o jogo de estreia além-fronteiras acabou antes sequer de começar.
Na Áustria, o FC Mariahilf convidou a formação do pontificado para comemorar o 20.º aniversário, mas quando começou a soar o hino do Vaticano, espectadores e três jogadoras austríacas começaram a manifestar-se contra as posições da igreja católica em relação ao aborto, e ainda a favor do movimento LGBT. Algumas jogadoras levantaram mesmo as camisolas, mostrando pinturas corporais em que se viam ovários acompanhadas de inscrições que diziam "O meu corpo, as minhas regras".
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Difundida pela rádio austríaca ORF, a notícia espalhou-se, primeiro, através do blogue de informação do Vaticano "Sismografo" e, depois, por praticamente toda a Imprensa transalpina e internacional.
A impossibilidade de restabelecer a calma - foi esta a justificação oficial - levou à decisão de abandonar a partida, apesar dos esforços dos dirigentes do emblema austríaco e do núncio apostólico do Vaticano (uma espécie de embaixador), monsenhor Pedro López, que ali se tinha deslocado expressamente.
Segundo o representante do Desporto do Vaticano, Danilo Zennaro, em declarações à rádio ORF, o encontro não foi por diante porque a equipa feminina estava na Áustria "por desporto e não para mensagens políticas ou de outro género".
Já ontem, o caso teve novos desenvolvimentos, com o clube austríaco a pedir desculpa pelo sucedido à equipa do Vaticano. "Pedimos sinceras desculpas às jogadoras da equipa do Vaticano e aos nossos convidados, que vieram de perto e de longe, pelo facto de o jogo não se ter realizado", escreveu o FC Mariahilf na sua página de Facebook, acrescentando que nunca foi sua intenção abandonar o jogo.
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