Central dormiu tempo a mais, faltou à preparação dos quartos de final com o escrete, mas Henry, técnico adjunto, ouviu-o para alterar a estratégia nas bolas paradas que se revelaria decisiva
Corpo do artigo
Vincent Kompany, figura incontornável da Bélgica e um dos esteios da equipa de Roberto Martínez até ao terceiro lugar no Mundial"2018, revelou um daqueles episódios memoráveis do desporto. Na noite que antecedeu o jogo dos "quartos" com o Brasil, o central, agitado pela importância da partida, teve dificuldades em adormecer e recorreu a um comprimido. Este surtiu efeito e até o fez dormir mais do que devia. Sem alarme, Kompany faltou à reunião de preparação com Roberto Martínez e plantel. Um mal que acabou por resultar bem, pois a Bélgica venceu por 2-1.
Percebendo que os lances de bola parada tinham sido assunto, o central apressou-se a conversar com Thierry Henry, treinador adjunto belga e agora principal no Mónaco, para sugerir um ataque nos cantos e livres diferente do acordado entre o selecionador espanhol e a restante equipa. "Entre nós, mudámos completamente os planos. Disse a Henry que o Brasil defendia os cantos e livres exatamente como o Manchester City e que sabia as fraquezas dessa estrutura", explicou à transmissora pública belga RTBF sobre o pormenor dos esquemas táticos que utiliza no City de Pep Guardiola. O conhecimento valeu mesmo o primeiro golo do 2-1 favorável aos diabos vermelhos nos quartos de final da prova. Chadli cobrou o canto e Kompany desviou, a bola acabou na baliza canarinha após embater em Fernandinho. "Se virem as imagens, percebem que furo as duas linhas defensivas e apareço junto à primeira linha [primeiro poste] sem que ninguém me veja chegar", detalhou Kompany que, literalmente, serpenteou a marcação zonal do escrete para inaugurar o marcador. "É incrível", asseverou sobre o motivo pelo qual a conversa com Henry surgiu, passando depois a vincar o percurso histórico da Bélgica, superada pela França na meia-final, mas a tempo de garantir o terceiro lugar, o melhor registo de sempre, ao superar a Inglaterra. "Estou muito orgulhoso da nossa jornada. Quem acreditaria há alguns anos que terminaríamos em terceiro defrontando aqueles adversários?", questionou o central, ainda incrédulo pelo feito.