Arouca e Sporting arrancam as meias-finais, numa das últimas grandes oportunidades de haver um vencedor fora da caixa, antes da alteração do formato em 2024. Augusto Inácio não concorda com a mudança.
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Arouca-Sporting, esta terça-feira, e FC Porto-Académico de Viseu, na quarta, disputam em Leiria as meias-finais da final four da Taça da Liga, rumo ao que o organismo que tutela as competições profissionais entende ser o campeão de inverno.
Já lhe deram várias alcunhas jocosas, inspiradas nos múltiplos patrocinadores, já teve vários desenhos para o troféu e diferentes formatos de competição, mas a prova ainda não chegou à sua versão final.
A partir de 2024/25, a corrida vai cingir-se aos quatro primeiros classificados do campeonato da edição anterior, pelo que esta é uma das últimas grandes oportunidades para que um clube fora da caixa consiga um feito ao nível do V. Setúbal e do Moreirense. Não é que seja impossível, nada é no futebol, mas, nas últimas dez épocas, só três não tiveram um top-4 composto por FC Porto, Benfica, Sporting e Braga, independentemente da ordem. Impossível a partir daí será mesmo repetir o que o Académico já logrou, porque atua na II Liga...
Esta mudança, que também pode incluir uma final four disputada no estrangeiro, tem a ver com a alteração do formato da Liga dos Campeões, que vai passar a preencher mais vagas no calendário, forçando um ajuste na agenda nacional.
Augusto Inácio guiou o Moreirense àquela conquista surpreendente no Algarve, em 2016/17, frente ao Braga e depois de bater o Benfica nas "meias", e não poderia ser mais contundente quanto ao futuro formato da Taça da Liga. "Se é para ser assim, não lhe chamem Taça da Liga, chamem taça dos grandes. Se antes já era feito para eles estarem na final, já que nunca ficavam nos mesmos grupos... É evidente que é uma forma de dizer aos pequenos "esqueçam isso", é mesmo à descarada", atira o treinador, em declarações a O JOGO, convicto que haveria outra solução. "Há o campeonato dos primeiros quatro e depois os primeiros quatro na Taça da Liga. Se querem assim, não lhe deem esse nome. É a taça da receita. Há um campeonato dos ricos e outro para os pobres, esses só servem para encher, são carne para canhão. Assim, mais vale estar quieto", reforça Inácio.
Agora que já passaram alguns anos, o técnico crê que a conquista do Moreirense não teve o destaque merecido. "Foi um feito muito grande, mas aquilo foi só o momento, a surpresa. Para a Liga, o que interessa é ter os grandes na final. Não se deu o devido ênfase a algo contra-natura, uma equipa mais pequena ganhar a Taça da Liga. Mas os jornais também vendem mais quando os grandes vencem, é normal", recorda.
Já na perspetiva desta final four, Augusto Inácio, que como jogador representou Sporting e FC Porto, destaca a equipa de Armando Evangelista, mas aposta num clássico para o jogo decisivo. "Quem vejo com mais possibilidades de ser uma surpresa é o Arouca. Não vejo o Académico de Viseu com capacidade para ganhar ao FC Porto, embora nunca se saiba. O Arouca está a jogar muito bem, pode ser uma agradável surpresa", antevê Inácio, que já sabe que "um FC Porto-Sporting na final é que vai dar mais receita". Aí, "qualquer um pode vencer", mas o treinador vê algo que pode "marcar uma diferença". "O FC Porto nunca venceu a Taça da Liga. Ano após ano, por este ou aquele motivo não tem conseguido. Já para o Sporting, é a única hipótese de ganhar um troféu, porque campeonato e Taça de Portugal já caíram", termina o treinador.