Tempo útil de jogo na Liga Bwin com números promissores
As sete jornadas já contabilizadas pela Liga sugerem que, no histórico interno, este campeonato até é promissor
O tempo útil de jogo é uma discussão crónica no futebol português dos últimos anos, entre queixas com lesões que se curam assim que se atravessa a linha lateral, evocações de orçamentos desiguais e pequenas medidas lançadas pelas cabeças pensantes. Portugal dá alguns sinais de recuperação, mas esta ainda parece ter uma expressão tímida na comparação com as outras ligas. Este exercício seria mais simples se os dados do tempo útil fossem tão acessíveis como outros, mas, vamos por partes.
Olhemos, então, para os factos, isto é, para os números que estão à mão, e eis que as primeiras sete jornadas da I Liga parecem promissoras para os padrões nacionais. À boleia dos dados que passaram a ser fornecidos esta época pelo organismo liderado por Pedro Proença, vemos que, em média, houve 55,77% de tempo útil. Um número que está ao nível do melhor que se registou nas últimas dez épocas, como se comprova na infografia em cima.
Esta percentagem traduz-se em 55:37 minutos, mas, como mais tempo de jogo total significa maior tempo de compensação (logo, mais interrupções), o indicador mais fiável é o percentual. E, de uma maneira geral, as partidas têm levado mais tempo, por força das orientações para não haver poupança nos minutos de acréscimo, sejam 6, 7, 8 ou 10. No entanto, esta fase prematura da época aconselha alguma prudência, porque os desafios ao tempo útil crescem à medida que nos aproximamos da fase decisiva do campeonato. Normalmente, aí é mais difícil resistir à tentação de fazer o tempo esfumar-se.
A pergunta que se segue é se estes números nacionais representam muito ou pouco, na comparação com outros campeonatos. Não há muitos dados disponíveis sobre esta matéria no que toca às outras ligas, ou pelo menos de forma estruturada, e os dados que existem, fundamentalmente do CIES, Observatório do Futebol, parecem ser resultado de outros critérios de definição de tempo útil, em virtude de alguma discrepância nos registos.
Em todo o caso, nos últimos quatro estudos sobre mais de 30 ligas europeias, Portugal surge sempre entre as piores. A análise mais recente (entre 2018/19 e fevereiro de 2022) colocou a I Liga como a sexta pior em 36, com 57:09. Já numa análise à percentagem, entre 2019/20 e março de 2021, Portugal aparece com 58,3%. Melhor, portanto, do que a média registada pela Liga desde 2012/13, mas, ainda assim, conduzindo a uma péssima posição na tabela geral: só quatro campeonatos em 37 fizeram pior e dois deles eram segundas divisões (Espanha e Inglaterra).
Classificação
1.º Sporting-Rio Ave 67,93%
2.º Vizela-Gil Vicente 62,86%
3.º Rio Ave-Braga 62,78%
4.º Sporting-Portimonense 62,47%
5.º Famalicão-Benfica 62,35%