Pedro Proença comenta ameaça dos clubes em parar os campeonatos
Presidente da Liga defende que "o futebol atingiu um patamar que obriga o Governo a ter outro tipo de atenção"
No final da Cimeira dos Presidentes que decorreu esta quarta-feira em Coimbra, Pedro Proença abordou a ameaça de parar os campeonatos profissionais e da formação feita pelos clubes através do presidente do Marítimo, Carlos Pereira. "Neste momento, temos de elogiar a agregação, a capacidade de os clubes se envolverem em matérias que consideram estruturais. A grande preocupação que levámos ao secretário de Estado [João Paulo Rebelo] foi a próxima discussão da lei da violência. Os clubes querem mais do que o que está a ser aprovado. Passados três anos das verbas distribuídas em apostas desportivas, os clubes reclamam um quinhão muitíssimo importante relativamente às apostas desportivas em ligas internacionais. Esta é uma discussão de inclusão. A Liga considera que há mais players, como a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, o Sindicato dos Jogadores, a Associação Nacional de Treinadores de Futebol que têm de ser contemplados com estes valores. São quantias muitíssimo elevadas. E também a lei de seguros de acidentes de trabalho dos jogadores. São matérias que estão a ser discutidas há muitíssimo tempo", afirmou o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, acrescentando a pretensão dos clubes:
"O que os clubes querem são prazos objetivos por parte do Governo. Não é nesta altura que estamos a discutir, efetivamente, quais devem ser as formas de protesto, mas devemos fazê-lo com ponderação e com capacidade de agregação. Queremos que o Governo ouça o futebol profissional, cujas contribuições são, hoje, quase 0,3 por cento do PIB (Produto Interno Bruto), são mais de dois mil postos de trabalho diretos e isto eleva-nos para um patamar que obriga a tutela a ter outro tipo de atenção. Existe um cronograma definido com o próprio Governo. Temos a certeza de que, por parte da tutela, também haverá disponibilidade para aceitar como razoável toda a argumentação da reunião do dia 4 de outubro e, portanto, as coisas acontecerão naturalmente e com toda a elevação. A tutela considerava as nossas ansiedades como algo que, para eles, tinha muito significado".
Relativamente às apostas desportivas, o presidente da Liga que saudou a presença na Cimeira dos Presidentes de Mafra e Farense e do novo presidente do Sporting, Frederico Varandas, explicou: "Passados três anos, é clara e objetiva a contribuição do futebol profissional e a própria tutela assumiu que era o momento de perceber que a portaria não contemplava na chave de repartição o que dizia respeito ao futebol profissional. Em todas as outras matérias também foram muito sensíveis e não admitimos outro cenário que não seja o de trabalhar em conjunto para alterar este quadro, nomeadamente nestas três matérias: apostas desportivas, seguro de acidentes de trabalho e lei da violência. Em termos das apostas, até dezembro de 2017, rondará qualquer coisa como 20 milhões que os clubes reclamam. Consideram que, se a portaria tivesse sido interpretada convenientemente, este valor deveria ter sido encaminhado para os clubes do futebol profissional. Mesmo percebendo que a portaria terá sido interpretada pelo IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude) de uma forma diferenciada, o que nós queremos é que haja um aclaramento relativamente à portaria, porque o que esteve na filosofia da elaboração da portaria era que tudo o que dizia respeito ao futebol profissional e às apostas em ligas profissionais".