Tem 16 anos e fez história no União de Leiria: a inspiração e o passado no Benfica
Extremo entrou nos minutos finais da vitória, por 1-0, com o Marinhense, na Taça de Portugal. Natural de Porto de Mós, aos sete anos foi para o Benfica e viajava para Lisboa quatro vezes por semana.
Martim Ribeiro fez história no fim de semana passado, ao tornar-se o jogador mais novo de sempre a jogar pela equipa principal do U. Leiria.
Fê-lo com pouco mais de 16 anos - festejou o aniversário a 6 de abril -, mas não estranhou o facto, porque, contou a O JOGO, está a treinar com a equipa principal desde o início da pré-temporada e sente que é aposta para o treinador Vasco Botelho da Costa. Em campo, refere que Antony (Manchester United) é uma fonte de inspiração.
Estava à espera de estrear-se pela equipa principal com 16 anos?
-Fiz toda a pré-temporada com a equipa principal e vou continuar a trabalhar com os seniores durante o resto do ano. Notava-se que o míster queria apostar em mim, que confiava em mim. Já tinha sido convocado para dois jogos, embora não tenha jogado, e na Taça de Portugal chegou o momento. Estava bastante nervoso quando fui aquecer, passei ao pé da claque e eram todos a gritar, a dizer que tinha chegado o dia.
Quando lhe dizem que é o jogador mais jovem de sempre a jogar pelos seniores do U. Leiria, o que pensa?
-Que sou uma grande aposta para o clube e que gostam de mim aqui.
É natural de Porto de Mós. Como surgiu o futebol na sua vida?
-Comecei a jogar no Portomosense, aos quatro anos, e depois fui para o Benfica quando tinha sete. Estava a jogar no Portomosense, tive a oportunidade de ir treinar ao Benfica e Sporting e acabei por escolher o Benfica. Na altura, era mais miúdo e gostava do Sporting, mas senti que ia ficar mais confortável no Benfica. Foram cinco estrelas comigo, disseram que me iam receber bem, que ia ser bem integrado na equipa, enquanto no Sporting só me transmitiram que tinha de fazer uma escolha. Agora, sou benfiquista.
Na altura, mudou-se para Lisboa?
-Não, os meus pais iam comigo para Lisboa três vezes por semana, mais os fins de semana. Era cansativo, eram viagens de 1h30 ou 1h45 para cada lado. Tinha treino às 18h30 e chegava a casa pelas 22h30 ou 23h00.
Em 2019, deixa o Benfica e ingressa nos iniciados da U. Leiria. Foi esse cansaço acumulado que o fez mudar?
-Em 2019 fui dispensado pelo Benfica, porque era a transição para o Seixal e o clube achou que havia jogadores mais preparados do que eu. Chorei, fiquei triste, porque tinha lá todos os meus colegas e pessoas que eram praticamente da minha família. Mas, com o tempo, consegui superar.
Quando passou para o futebol de onze, sempre jogou a extremo? Quais são os seus pontos fortes?
-No Benfica ainda fiz o primeiro ano de iniciado e era lateral-direito. No U. Leiria começaram a meter-me a extremo, como era pequenito, e gosto bastante. Sou forte no um para um, tenho capacidade técnica, sou agressivo e bom a finalizar.
Deduzo que esteja na escola. Que ano está a frequentar?
-Estou no 11.º ano na área de economia. Não sei se quando chegar à idade de ir para a faculdade irei prosseguir com os estudos. Depende se conseguirei conciliar com o futebol. Se não conseguir, abdico e um dia mais tarde retomarei.
A que jogador se assemelham as suas qualidades, enquanto extremo?
-Ao Antony, do Manchester United.
O U. Leiria tem tentado chegar à Liga SABSEG nos últimos anos, no entanto esse objetivo tem escapado época após época. Conseguirão alcançá-lo esta temporada?
-Acredito muito na equipa que temos aqui e vamos conseguir subir de divisão. Conseguiremos meter o clube onde merece estar.
O facto de ter um treinador bicampeão da Liga Revelação [Vasco Botelho da Costa, pelo Estoril] dá-lhe o conforto de saber que é alguém habituado a trabalhar com jovens e a apostar neles?
-Se o treinador me mete a fazer a pré-época, é porque confia em mim e conhece o meu futebol. Sei que gosta de apostar em jovens e agora só depende de mim. Tenho de treinar bem para poder ser opção.
As pernas tremeriam mais se a estreia tivesse sido feita no Municipal de Leiria, para mais de 15 mil pessoas?
-Iam tremer muito mais. Poder jogar em casa será uma sensação fantástica.
O que comentam no balneário ao verem esta recente envolvência dos adeptos com o clube, com muitos espectadores nas bancadas?
-Os adeptos em casa ajudam sempre a equipa, é como se fossem o 13.º jogador. Com os adeptos, temos mais força para lutar pelo resultado. Faz-nos pensar que o que a SAD está a fazer para atrair pessoas é um sinal de confiança na equipa, um sinal de que podemos subir de divisão. E temos de corresponder em campo.
Um guia com nomes para o futuro do futebol benfiquista
Martim Ribeiro conhece vários nomes da geração de 2006 do Benfica e, a O JOGO, enumerou alguns dos que prometem dar cartas num futuro próximo, vindos da formação do Seixal. "O Martim Ferreira, trinco, é o capitão da Seleção Nacional de sub-17, também há o Gonçalo Moreira, que é extremo, o Leandro Martins, que joga a lateral-esquerdo e ainda o Gonçalo Oliveira, que é central", referiu o jogador do conjunto leiriense. Com estes e outros atletas, Martim não deixou de perder o contacto, tanto mais que representou as águias durante cinco anos. "Há colegas com quem falo semanalmente ou até diariamente. Continuo a falar com vários deles, com certeza", respondeu o ala que, imagine-se, nem era nascido quando o Euro"2004 se realizou em Portugal...