Pedro Lomba: "Canelas é um clube especial, que toda a gente conhece"

Pedro Lomba: "Canelas é um clube especial, que toda a gente conhece"
André Bastos

Treinador fala da liderança de Fernando Madureira e admite que há uma imagem negativa associada ao emblema.

Aos 42 anos, Pedro Lomba não contava ter a primeira experiência na Liga 3 em representação do Canelas, depois de bons trabalhos feitos no Praiense e Louletano. Livre depois de uma curta passagem pelo Salgueiros, em 2021/22, o treinador rendeu Paulo Silva no início de novembro e a O JOGO referiu querer agarrar esta oportunidade. Com a equipa em quinto lugar, o objetivo passa por chegar aos quatro primeiros.

O Canelas vem de duas vitórias em que não sofreu golos. É a melhor fase desde que pegou na equipa?
-Podemos considerar isso, porque desde que cheguei nunca tínhamos conseguido duas vitórias seguidas. Cheguei há cerca de dez semanas e face ao tempo de treino e ao facto de a calendarização estar mais seguida, sem paragens, percebe-se que a competição é que nos traz melhores resultados e também os maiores erros. A jogar contra os adversários temos a possibilidade de analisar e corrigir posicionamentos com vídeo. Precisamos de confiança para uma nova ideia ou um novo processo. Vamos ter cinco jogos em que vamos jogar contra adversários mais diretos, do cimo da tabela, e nada melhor do que termos tudo mais cimentado para podermos lutar para tentar chegar ao quarto lugar.

Que objetivos lhe foram propostos quando entrou?
-Isto é o Canelas. É um clube "sui generis" que toda a gente conhece, a pessoa que está à frente dá outra visibilidade, no sentido até às vezes pejorativo. Mesmo que tenha coisas positivas, toda a gente olha mais para o lado negativo. Eles gostam de ganhar e existe uma pressão muito grande quando se perde. O importante é a identidade, o modo como se trabalha, o amor à camisola. E há uma pressão enorme de dar tudo o que tens, aqui é exigido isso. Não me pediram o quarto lugar, querem ganhar todos os jogos e, dentro dos pontos que temos, ficar nos quatro primeiros seria algo bonito, porque não somos o plantel mais caro nem com as maiores estrelas.

Em sete jogos tem quatro vitórias. Acha que o balanço é positivo?
-Ter mais vitórias do que derrotas é positivo. Não temos nenhum empate, mas isso tem a ver com a forma como abordámos o jogo. É sempre para ganhar e isso viu-se com o Braga B; mesmo com menos um, tentámos ganhar o jogo e acabámos por perder. Não é um saldo totalmente positivo pela forma como perdemos esse jogo e o de Paredes. Sinto que fizemos bastante para não perder esses jogos. Já a derrota contra o Länk Vilaverdense foi totalmente merecida. E agora temos de ir a Felgueiras conquistar pontos.

No início de novembro, esperava ingressar no Canelas?
-Não esperava vir para a Liga 3. Terminei a época passada no Salgueiros, as coisas não correram muito bem e depois fiquei sem clube. O Canelas estava à procura de uma pessoa com o meu perfil, reuni com o Fernando [Madureira] e ele gostou do modo como expus a minha forma de trabalhar. Para já, estamos a dar-nos bem e agora é agarrar esta oportunidade.

Fez algumas mudanças em relação às dinâmicas de Paulo Silva, que até tinha arrancado bem o campeonato...
-O Paulo Silva começou bem o campeonato, não tenho nada a falar do trabalho dele, até porque quando entro o Canelas estava no sexto lugar e agora está em quinto. Por isso, a equipa estava bem, a causa da saída já me ultrapassa. A minha forma de jogar é completamente diferente, eu defendo com uma linha mais alta, tenho uma estrutura tática diferente [antes era 4x3x3 ou 4x4x2 e agora é um 3x5x2] e uma forma de reagir à perda de bola diferente. Mas no futebol há muitas ideias e o que conta são os resultados. Nós queremos ter mais bola, pressionar mais alto e assumir mais o jogo, ao passo que antes a equipa esperava pelo adversário.

O próximo jogo é em casa do novo líder, o Felgueiras. Será o teste mais exigente da época?
-É sempre muito relativo, mas olhando ao momento, o Felgueiras vem fortíssimo, com uma boa série de vitórias e nós estamos a querer morder a Sanjoanense. O Felgueiras tem uma boa almofada, que permite jogar com alguma confiança, mas nós não temos nada a perder. Todos os jogos são difíceis na Liga 3, o primeiro pode perder com o último.