ZOOM - Dérbi minhoto: Braga estilo século XXI é mais forte que o histórico V. Guimarães
O dérbi que teima ser um clássico. Assim se podiam resumir os jogos de futebol entre o Vitória de Guimarães e o Braga. Como o da próxima sexta-feira, a disputar na Cidade-Berço. Os bracarenses estão no topo do campeonato, os vimaranenses são sétimos. Em Braga querem-se fazer contas com a História e em Guimarães há contas a ajustar com os cinco golos sofridos e sem resposta da última vez que o Vitória foi o anfitrião do dérbi minhoto.
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Há um dérbi que teima posicionar-se entre os principais dérbis e clássicos da I Liga: aquele que põe em confronto o Vitória de Guimarães e o Braga. O grande dérbi minhoto é ainda um pequeno clássico, na medida em que, a ambos os emblemas, falta historial de títulos no campeonato.
O último confronto entre as duas equipas deixou uma goleada bracarense entalada na garganta dos vimaranenses: 5-0 no Estádio D. Afonso Henriques, o palco do jogo de sexta-feira (21h15). Foi a 18 de fevereiro deste ano, mas ainda contava para a temporada anterior, mais precisamente, para a jornada 23.
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Com o estatuto de nível 1 - que é como quem diz, com os níveis de organização e segurança obrigatórios e regulamentares no máximo -, o jogo põe frente a frente dois emblemas que se digladiam há muito. E dois presidentes, Júlio Mendes (V. Guimarães) e António Salvador (Braga), que têm forçado mais posicionamento dos dois emblemas numa liga caracterizada pelo poderio dos três grandes: FC Porto, Benfica e Sporting.
Os comandados de Luís Castro carregam um histórico global do emblema ligeiramente superior em triunfos: em 118 jogos disputados na I Liga, somam 48 vitórias contra 45 derrotas (mais 25 empates).
Mas a história é apenas uma referência no meio disto tudo. Se afinarmos esse barómetro pelo número de campeonatos desde 2000-01 (todos os do século XXI), então os números revertem para uma clara superioridade dos homens hoje liderados por Abel Ferreira: 34 jogos, 16 triunfos, 10 derrotas e oito empates.
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O Braga chegará a Guimarães na frente do campeonato, a partilhar os mesmos pontos que o líder Benfica, e a sete dos vizinhos minhotos. Tem o atual melhor marcador à sétima jornada - Dyego Sousa, cinco - e outros dois nos primeiros lugares - Wilson Eduardo e Ricardo Horta, quatro -, todos disponíveis para o dérbi.
Com menos sete pontos segue a equipa da casa, com um arranque intermitente, mas galvanizada por uma vitória no Funchal (3-1 ao Marítimo) e uma goleada na Taça de Portugal (7-0 ao Valenciano).
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Há, portanto, um ascendente neste século da equipa bracarense, hoje em dia com adeptos mais fiéis, portanto, com menos contraste face à fidelidade histórica dos "conquistadores".
As picardias entre minhotos são inteligíveis, mas menos mediáticas do que as que povoam o imaginário da maior parte dos portugueses, sempre muito mais adubadas pelas dezenas de comentadores especializados ou encartados. E tornaram-se visíveis no domingo, com os adeptos do Braga a apontarem baterias aos rivais de Guimarães, com cânticos nas bancadas do estádio do Felgueiras, em jogo de Taça.
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Mas convém recordar o que os dois cronistas de O JOGO escreveram no domingo passado. Começando por José João Torrinha, cujo coração bate pelos vimaranenses, aponta o dedo a António Salvador, presidente do adversário: "(...) Só mesmo uma tentativa desajeitada de desviar as atenções do escândalo que sucedeu ao minuto 96 do último jogo na Pedreira [alegado penálti por marcar, favorável ao Rio Ave] pode justificar que o presidente do Braga tenha, do nada, trazido à colação um lance de um jogo que o Vitória perdeu com o Portimonense".
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Já Miguel Pedro, com afeto declarado ao seu Braga, reclama um lugar para o Rio Ave nas rivalidades minhotas: "Claro que o Vitória terá sempre o peso histórico para reivindicar a rivalidade minhota, mas o certo é que, nos últimos anos, o Rio Ave tem-se assumido e tem mesmo, por sua iniciativa e mérito, protagonizado uma nova centralidade no que à rivalidade clubística diz respeito. (...) E as rivalidades no futebol são sempre bem-vindas, pois levam adeptos aos estádios. Desde que se saibam comportar...".