De campeão europeu sub-21 e grande promessa da Espanha ao póker (quatro golos) de ontem em Vila Real, Adrián Lopez atravessou um "deserto" em Portugal. Não lhe falta técnica, não lhe falta empenho, mas faltava-lhe sempre "um bocadinho assim" para se impor nos dragões. Terá Sérgio Conceição recuperado o avançado no seu último ano de contrato com o FC Porto?
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A 25 de junho de 2011, Adrián Lopez sagrou-se campeão europeu de sub-21. Acabou o torneio com o estatuto de melhor marcador (cinco golos), foi titular em todas as partidas e depois das férias rumou do Deportivo da Corunha para o Atlético de Madrid.
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Era dos mais velhos da equipa, com 23 anos, juntamente com Juan Mata (Manchester United) e Bojan Krkic (Alavés), mas onde despontavam outros nomes hoje mais conhecidos: Thiago Alcântara (Bayern de Munique), Ander Herrera e David De Gea (Manchester United) e Dani Parejo (Valência), entre outros.
Os Media espanhóis apontaram-lhe um auspicioso futuro e, naquele que foi o imediato, transferiu-se para o Atlético de Madrid, onde esteve três épocas (2011-12 a 2013-14) até rumar ao FC Porto, com quem termina contrato no final desta temporada.
Não chegou lá apenas pela mão do então treinador, o seu compatriota Julen Lopetegui, também na sua primeira época com os azuis e brancos. É que Adrián Lopez já estava sob o radar do poderoso e eficaz "scouting" portista desde o primeiro dos cinco golos apontados nesse Europeu na Dinamarca.
Entre a "armada espanhola" que então chegou aos dragões (Casillas só chegaria um ano depois), Adrian era o mais cotado e o mais caro. Custou, então, 11 milhões por 60 por cento do seu passe. Lopetegui, que era adjunto de Luís Milla no título europeu de 2011, "atravessou-se" pela qualidade do contratado.
O primeiro estágio em Horst, na Holanda, prometeu um avançado muito dinâmico, com poder de fogo nos pés e de cabeça, um multifunções na linha ofensiva, ora na frente do ataque, ora nas alas, em apoio ao ponta de lança.
Porém... bem, o resto da história é a que se sabe. Antes de chegar a este quinto ano de contrato com os portistas, Adrian foi mais vezes cedido do que as vezes que marcou golos oficiais pelo FC Porto. Pelo menos, até ontem.
Sérgio Conceição: "O que fez hoje é o que faz nos treinos".
Antes do póker de sexta-feira, em Vila Real, na goleada (6-0) para a Taça de Portugal, o asturiano apenas tinha marcado um golo em provas oficiais, ao serviço do FC Porto: em 2015, frente ao Bate Borisov, para a Liga dos Campeões. Desde então, foi protagonista de duas cedências: ao Deportivo da Corunha (época passada, 9 golos) e ao Villarreal (duas épocas, sete golos).
Já muito se escreveu sobre o jogador e na maioria das opiniões, a ansiedade e a falta de confiança são os argumentos mais usados para explicar a pouca produtividade de um goleador que até rende como tal no campeonato espanhol.
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Sérgio Conceição, treinador dos portistas, teve uma declaração, a esse propósito, após a partida em Vila Real, que é sintomática: "O que fez hoje é o que faz nos treinos". O que prova a forma profissional e empenhada com que o avançado se entrega ao trabalho. Na verdade, a técnica e os chamados "bons pezinhos" podem apreciar-se no seu toque de bolo e posicionamento tático. Mas, na hora da verdade, há sempre qualquer coisa que não corre como devia correr.
Se calhar, para o sucesso definitivo em Portugal, falta-lhe "um bocadinho assim", usando a expressão de um comercial de sucesso sobre iogurtes. Talvez o bocado que falta até ao final da época, não vá o mercado de dezembro tecê-las.