Zequinha é baluarte de Setúbal e do Vitória, mas aceitou o desafio de outro clube da cidade para haver futebol em patamares nacionais
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A cidade é a mesma, o emblema é parecido, mas a aventura agora é outra. Zequinha, histórico do V. Setúbal, aceitou o desafio do Comércio e Indústria, da Série D do Campeonato de Portugal, e acrescentou mais um capítulo à já longa carreira. Após meio ano no Belenenses, na II Liga, o avançado declinou abordagens dos escalões profissionais, resolveu ficar perto da família e aceitou o desafio de ajudar a equipa vinda do Distrital. “Já tinha prometido à Direção que um dia jogaria pelo Comércio”, explica a O JOGO. Aos 37 anos, o jogador que tem no currículo 65 jogos na II Liga e mais de 150 no primeiro patamar, saiu do banco e apontou o terceiro na goleada por 4-1, em casa, frente ao Barreirense. “Estou ainda um pouco fora do meu ritmo, mas contente por ter marcado. Estou em paz com o futebol e a idade é só um número”, afirma.
Ora, com o gigante Vitória afundado em problemas e ainda sem se saber se irá inscrever-se na última Distrital da AF Setúbal, depois de ter visto a inscrição na Liga 3 rejeitada, Zequinha olha para o Comércio e Indústria como um representante da cidade no futebol nacional. E as pessoas parecem acompanhar esta premissa. “Foi muita gente ver o jogo com o Barreirense. A cidade está a tentar ajudar o Comércio, vi muitos vitorianos na bancada, infelizmente o Vitória não está nos nacionais mas é bom que Setúbal tenha outra equipa”, comenta.
O avançado reconhece, também, que o seu nome ajuda a promover o Comércio e Indústria. “Não é falta de humildade. Consegui chegar a bons patamares, sou uma pessoa de Setúbal, a cidade conhece-me bem e sei que vou ajudar o clube a crescer e a ter outra visibilidade. É algo que me dá vontade. Estou a jogar com algo maior por trás”, sublinha.
Apesar de ser uma das novidades desta edição do Campeonato de Portugal, no Sado há um esforço para que a realidade seja quase profissional. “O Comércio tem muito por onde crescer. Tem algumas dificuldades, mas pagam sério, certinho e a horas, não têm dívidas e isso é bastante importante. Treinamos sempre de manhã, temos um ou outro colega que trabalha, mas que consegue conciliar”, revela. “Objetivo? Primeiro que tudo temos de tentar a permanência. Vamos consegui-lo e depois logo se vê. Pela experiência que tenho, quando a fasquia é demasiado elevada não é bom”, conclui.
Situação do Vitória é “muito triste”
Zequinha assume-se “muito triste” com a indefinição que rodeia o V. Setúbal, embora assuma que está a tentar manter-se à parte, até porque o desafio profissional é outro. “Sou sócio do Vitória, não escondo que é o meu clube e por isso estou bastante triste”, diz. Quanto ao futuro, passou a avaliar ano após ano a condição física. “Penso desfrutar ao máximo do futebol e do que ainda me resta. Não sei se vou terminar ou se vou continuar no fim deste ano, mas sinto-me bem. No ano passado fiz vários jogos na II Liga, e ainda me sinto capaz”, observa.