Médio foi cem por cento vitorioso na passagem pela seleção, viu a CAN garantida e regressou ontem aos trabalhos. Internacional pelas Ilhas Comores é o elo de ligação a muitos jogadores francófonos em Famalicão e todos o gabam como mentor. Aprendeu português depressa e ajuda nas situações diárias.
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Zaydou Youssouf, já por si uma grande figura do Famalicão nos últimos anos, um dos jogadores mais valiosos dos minhotos, com cotação de sete milhões de euros, é, nesta altura, o nome mais badalado nas Ilhas Comores, já que as primeiras participações pela seleção africana saldaram-se num excitante sucesso, face a vitórias sobre Gâmbia e Madagáscar e apuramento imediato para a CAN’2025 com primeiro lugar num grupo que até incluía a poderosa Tunísia. E nunca é demais assinalar a pujança do mérito daquele que é o terceiro país mais pequeno de África.
Zaydou convocou atenções na passagem pelo seu país, contactando pela primeira vez com as raízes, procurando integrar-se nas tradições locais, desbravando aldeias e lugares de impacto incomparável de um pequeno arquipélago vulcânico. E, mais importante, abraçando as pessoas, rasgando sorrisos às crianças e emocionando os mais velhos. As camisolas com o seu nome também já se espalhavam pelas ruas e pelos atalhos de terra batida.
Já voltou a Famalicão para retomar os trabalhos com esse acréscimo motivacional, desejoso de ajudar a a equipa a ultrapassar o Santa Clara na Taça de Portugal. O médio, de 25 anos, granjeia um respeito brutal no clube, que vai da estrutura a todos os companheiros, tanto pelo seu perfil profissional como também pelo aspeto mais humano e social, já que não perdeu tempo a absorver vastos conhecimentos da língua portuguesa, sendo, agora, na terceira época, já com 88 jogos feitos pelo Famalicão, um pilar e um mentor de vários atletas que chegam ao clube, sobretudo os de origem francófona. Disponível para eles está sempre o internacional dos famalicenses, um poço de energia, mas também um coração grande na hora de reduzir dificuldades de quem o rodeia. Bah e Mathias de Amorim não o dispensam, pedem-lhe conselhos e apoiam-se nele, ponte para várias tarefas de integração em Portugal. O mesmo papel havia sido desempenhado junto de Theo Fonseca e Lacoux. O capital de confiança e respeito transcende a esfera da língua, todos os jogadores olham para o médio como a grande referência de balneário, que é também o motor da equipa. A grande prova até foi partilhada por Francisco Moura, que, já no FC Porto, não se furtou a escolher o africano como o médio que elegeria para uma equipa de cinco jogadores, ao lado de Higuita ou Cristiano Ronaldo, imagine-se...
CAN vai valorizar um dos principais ativos
Numa seleção que também o ajudará na valorização, até por conta do próximo CAN, em 2025, Zaydou pode muito bem fazer a última época em Famalicão, já lida com pretendentes há algum tempo e as suas qualidades como peça dominante nas lutas intermédias, não falhando também no apetite pelas balizas contrárias, devem fazer dele uma das próximas grandes vendas da SAD.
“Vamos à CAN sem medo!”
Acabadinho de chegar a Famalicão, Zaydou fez uma pequena análise da sua ida à equipa nacional das Ilhas Comores. “Chegar à seleção, ganhar os dois jogos e ficar em primeiro lugar no grupo é incrível”, referiu aos meios de comunicação do clube.
O médio não estava à espera de ser recebido em apoteose pelos adeptos da seleção africana, mas percebeu tamanha alegria. “O futebol é uma coisa grande para os habitantes. Quando chegámos ao nosso país, fiquei sem palavras para descrever o que vi... Foi incrível, estava toda a gente à frente do aeroporto a dar-nos as boas vindas”, salientou.
A cumprir a terceira temporada ao serviço dos famalicenses, o jogador de 25 anos afirma que alguns companheiros da seleção reconhecem a grandeza do Famalicão. “Muitos jogadores já viram jogos do Famalicão, dizem é um bom clube, com jogadores jovens e de qualidade. Eu fiquei surpreendido”, vincou.
Zaydou deixou o mote para a participação das Ilhas Comores na CAN’2025. “Vamos jogar sem medo! O futebol é mágico, onde uma seleção mais pequena pode ganhar a uma grande. Vamos a Marrocos sem medo”, rematou.