Pedro Correia, lateral português naturalizado catari, voltou a "picar" o espanhol na despedida e este confidenciou-lhe que ia trabalhar para anular os contra-ataques letais da turma de Jorge Jesus
Corpo do artigo
As ondas de choque da vitória por 3-0 do Benfica sobre o Barcelona na segunda jornada da fase de grupos viajaram até ao Catar e atingiram o então técnico do Al-Sadd, que é, hoje em dia, o cérebro de uns catalães sedentos de vingança.
Provocado no dia seguinte ao jogo da Luz por Pedro Correia, lateral do campeão catari, Xavi revelou-se impressionado pela forma como as águias venceram o jogo e elogiou o conjunto que se viria a tornar o seu segundo adversário enquanto treinador do Barcelona.
"O Xavi sabe que eu sou benfiquista ferrenho. No dia a seguir ao jogo provoquei-o no balneário e ele disse-me: "Pedro, que equipa o Benfica tem!". E na altura nem sonhávamos que era ele que ia comandar o Barcelona no jogo da segunda volta", partilhou Pedro Correia, também conhecido como Ró-Ró, que atendeu O JOGO por entre os treinos da seleção do Catar em Málaga, de preparação para a Arab Cup.
O lateral nascido em Mem-Martins e naturalizado catari, que passou durante quatro anos pelos escalões de formação encarnados, revelou que o "picanço" com o ex-técnico se estendeu à despedida deste, onde o jogo de terça-feira foi tema de conversa. "Antes de ele ir embora avisei-o para ter cuidado com o Benfica, ele riu-se e disse que estava avisado para os perigos que eles podiam criar no contra-ataque. Ele sabe que tem que jogar equilibrado para evitar a repetição do que se passou na Luz. Mas eu já lhe disse que, mesmo com ele no banco, vamos ganhar 2-1 [risos]."
Na conversa com o nosso jornal, realizada antes da estreia de Xavi frente ao Espanhol (vitória do Barça por 1-0), Pedro Correia já tinha alertado que o novo treinador do Barcelona planeava trocar o 3x4x3 do Al-Sadd por um 4x3x3 à imagem daquele que lhe trouxe sucesso enquanto jogador.
"Nós jogávamos em 3x4x3 com extremos puros a fazerem as alas. Mas penso que ele não vai adotar esse modelo no Barcelona. Esse sistema era bom para a liga do Catar, onde somos a equipa mais forte. Pelos sinais que ele dava acho que vai voltar ao 4x3x3", afirmou, explicando o que pode esperar o Benfica no jogo de Camp Nou: "A nossa equipa gostava de ter posse de bola, circulá-la rápido e estar sempre com os olhos na baliza. Treinávamos insistentemente esses processos de jogo. Também fazíamos uma pressão muito alta. Sempre que perdíamos a bola, sabíamos, automaticamente, que tínhamos de cair em cima e não largar o rival. De vez em quando mostrava-nos alguns vídeos com jogos do Barcelona onde ele jogava para percebermos bem os mecanismos de pressão e de reação à perda da bola que ele queria implementar", explicou.