Extremo atravessa o melhor momento desde que chegou ao Dragão e o ex-treinador Luis Zubeldía acredita que ainda pode mostrar mais
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Embalado por um grande começo de época no FC Porto, sustentando o atrevimento individual em compromisso e confiança, William Gomes vai dando sinais de ser um extremo para o presente e futuro dos dragões. Coberto de arrojo, desempoeirado, atingiu o pico da sua mais-valia no clássico de Alvalade, juntando a uma exibição enérgica e cheia de picardia um golo de antologia que silenciou o recinto do campeão nacional com o 0-2. Tal como tinha feito uma semana antes, contribuindo para a goleada sobre o Casa Pia.
A história do extremo brasileiro faz-se no São Paulo, que detetou o seu talento em Aracaju, no Sergipe, aos 14 anos. Revelando vibrantes qualidades, foi entrando em convocatórias das seleções jovens do Brasil, escalando rapidamente até à primeira equipa do tricolor paulista. Com Luis Zubeldía, esteve em 13 jogos da época 2024, sendo este o seu derradeiro técnico antes da transferência para a Invicta. O argentino, que também lançou o guarda-redes Marchesín no Lanús, falou ao JOGO da faísca criativa que ilumina o Dragão, percorrendo os primeiros sinais do talento em São Paulo: “Eu estava a entrar e já falavam imenso dele, pela sua velocidade e personalidade para encarar disputas individuais, mas o que era mais destacado era o seu vínculo com o golo. Quando lhe dei a primeira titularidade no Brasileirão, fez um golo e logo demonstrou as suas virtudes”, recua Zubeldía, elogiando a faceta da espetacularidade em algumas ações.
“Penso que é um jogador que tem potencial alto com ele e, que pouco a pouco, vai aumentando cada vez mais essa agressividade ofensiva. Mas aquilo que o define será sempre essa capacidade goleadora, que pode vir de um remate ao ângulo ou através de ações individuais com centros para golo”, argumenta o treinador, rendido por Hernán Crespo no leme do São Paulo.
Zubeldía deu oportunidades importantes a William, mas também viu o atleta inconformado por menor tempo de jogo e conta o processo que o levou até à Invicta: “É muito difícil controlar o mercado, é algo que controlam os clubes. No meio está o jogador e, quando se começa a falar de uma possível venda, é muito complicado gerir o atleta, porque ele não entende que possa existir a possibilidade de ser suplente. Quando se soube que o FC Porto o queria contratar por tantos milhões, imagina como seria deixá-lo no banco. Aí surgem questões de como responderia a sua cabeça, a sua família e os próprios adeptos. Sei que ele sai a querer mais minutos, mas também sei que ele iria ter cada vez mais...”, explica Zubeldía, elogiando as exigências e desafios que o extremo portista colocava a si próprio no desenvolvimento.
“Perguntava muito como devia pressionar e como devia posicionar-se com a bola em determinado lugar do relvado. E, se virmos os golos que marcou ao Vitória e Botafogo, são golos que partem do seu rigor defensivo e depois é que faz aparecer a maior virtude, quando tem a visão da baliza entre os olhos”, afiança, reforçando esse caráter diferenciador, a gula insaciável. “É dele! Tem essa mentalidade de procurar o golo e isso é o melhor que tens num atacante. O resto aprenderá pouco a pouco, mas penso que ainda está numa fase em que deve ter controlo dos minutos para não se desgastar muito fisicamente”, argumenta.