Viu o filho nascer e horas depois festejou a liderança com três golos: "Inesquecível"
O Anadia goleou o Beira-Mar por 4-0, garantiu a luta pela subida à Liga SABSEG, e a figura do jogo foi Fausto Lourenço, que soma já 11 golos esta época. Um feito conseguido horas depois de ver o filho nascer
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Fausto Lourenço foi pai e horas depois assinou um hat-trick, ajudando o Anadia a garantir o primeiro lugar.
O dia já tinha tudo para ser inesquecível depois do nascimento do seu filho e ainda faz um hat-trick...
-Nem nos meus melhores sonhos imaginei algo assim. O meu filho nasceu à 00h03, marquei três golos, no dia 3... uma série de coincidências. Passou tudo tão rápido: cheguei ao hotel às 2h00, jantei a essa hora, dormi pouco e tive jogo de manhã. O jogo correu bem e subimos à Liga 3.
Foi fácil jogar depois de tantas emoções?
-Sou uma pessoa recatada, não gosto de me deitar tarde, mas naquele dia deitei-me tarde e custou-me um bocadinho a acordar, confesso [risos]. Mas levantei-me logo da cama, só queria jogar.
Contará ao seu filho que fez três golos no dia em que ele nasceu?
-Vou contar de certeza absoluta. Mostrar as imagens e contar tudo o que se passou.
O Anadia vence a série e vai lutar pela Liga SABSEG. Em que é que foi mais forte que os rivais?
-A chave do sucesso foi a simbiose entre todos os departamentos. A Direção e a equipa técnica escolheram um grupo de jogadores com qualidade técnica, mas também humana, e todos aceitaram o objetivo traçado. Há um objetivo, uma ideia de jogo, e toda a gente respeitou. Independentemente do resultado, mantivemos aquela linha orientadora. Além disso, a camaradagem foi fundamental.
Que balanço faz da época até ao momento?
-Se acabasse hoje, já seria extremamente positiva. Ainda para mais numa série assim. Não me lembro de uma série tão competitiva no CdP, com muitas equipas de qualidade.
Como perspetiva a luta pela subida de divisão?
-Todas as equipas que acabarem em primeiro lugar têm qualidade. Portanto, os jogos serão definidos por pormenores. Nós, estando lá, vamos sonhar e fazer o que temos vindo a fazer. Possivelmente, as coisas podem sorrir-nos.
É um jogador experiente e que viveu muita coisa no futebol, mas esta época vai ser recordada com um carinho especial, um dia mais tarde?
-Sem dúvida nenhuma. O Anadia já fica marcado, porque estive cá no meu segundo ano de sénior. No ano passado, quando me contactaram, não hesitei em aceitar. Este clube diz-me muita coisa e a época vai ficar marcada, por todas as conquistas e por este último jogo, que é inesquecível.
Aos 34 anos está a fazer a melhor época da carreira a nível de golos. É como o vinho do Porto?
-Estou a começar agora a carreira [risos]. Fiz a formação a ponta de lança e número 10, mas no futebol sénior passei para extremo e, por isso, fiz sempre mais assistências do que golos. Este ano voltei ao meio e tem corrido bem.
E como será o futuro?
-Depois de pendurar as chuteiras quero ficar ligado ao futebol... como treinador principal, adjunto, ainda não pensei muito nisso. Mas ainda me sinto capaz de jogar. Um dos meus objetivos é fazer 200 jogos na II Liga - tenho 160, sensivelmente - e gostava de atingir essa marca. Se fosse possível subir esta época e cumprir esse objetivo, ótimo.