A partir do momento em que o presidente da Mesa da Assembleia Geral agende uma data para o ato eleitoral, terá de haver um período mínimo de 45 dias para receção de listas e campanha eleitoral
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Júlio Mendes e restante Direção do Vitória de Guimarães apresentaram esta segunda-feira a demissão. O líder do clube minhoto justificou a decisão com o clima de guerrilha que diz existir no Vitória. De acordo com o artigo 44 dos estatutos do clube, as eleições têm de ser marcadas com uma antecedência de 45 dias. Assim, por hipótese, se o presidente da Mesa da Assembleia Geral marcasse hoje as eleições teria de contar-se um prazo de 45 dias até à realização do sufrágio.
Atendendo a que esta é uma situação especial e dedicada, Isidro Lobo, o presidente da Mesa da Assembleia Geral, quer agendar o quanto antes o ato eleitoral, pelo que esta semana ainda deverá agendar uma data para as eleições. Quer isto dizer que o Vitória de Guimarães deverá conhecer um novo presidente em meados de julho, sendo que Júlio Mendes não se irá recandidatar.
Depois de ter sido vice-presidente do clube entre 2010 e 2011, num elenco liderado por Emílio Macedo da Silva, Júlio Mendes assumiu a presidência do Vitória em 31 de março de 2012, numas eleições em que bateu Pinto Brasil.
O dirigente foi reeleito em 2015, numas eleições sem concorrência, e, em 2018, no ato eleitoral mais concorrido da história do clube, em que derrotou Júlio Vieira de Castro, com 52% dos votos.
Júlio Mendes argumentou que a contestação incentivada pela oposição à sua liderança desde as últimas eleições até ao jogo em que o Vitória garantiu o quinto lugar na I Liga da época 2018/19, com um triunfo sobre o Moreirense (3-1), em 19 de maio, o levou a tomar a decisão de sair.
"Parte dos sócios do Vitória não conseguiu ultrapassar os resultados eleitorais de 24 de março de 2018. De qualquer eleição, não têm de resultar consensos, mas também não tem de resultar um ambiente de injúria", disse.
Outra das razões mencionadas por Júlio Mendes para justificar a demissão foi a indisponibilidade demonstrada pelos sócios para abrirem a SAD vitoriana, criada em 2013 para gerir o futebol, a maior investimento externo, de acordo com o que se passou na assembleia geral de 8 de setembro de 2018 - 57% dos sócios então presentes recusaram discutir essa mudança.
O presidente demissionário que acrescentou que o Vitória de Guimarães, sem mais investimento externo na SAD, pode perder a oportunidade de lutar época após época pelos lugares cimeiros da I Liga e de ser alcançado por "clubes de dimensão muito inferior", mas mais "atrativos para investimento".
"Há três anos que a Vitória SAD não recebe qualquer financiamento dos seus acionistas, o que se compreende face à indisponibilidade para mudar a governação da SAD. Ela não gera receitas extraordinárias. A exigência dos sócios não é compatível com esta falta de investimento", disse.
Júlio Mendes enalteceu ainda o trabalho da direção por si liderada ao longo dos últimos sete anos, nomeadamente a vitória na Taça de Portugal, em 2013, a presença em mais uma final da prova rainha (2017) e os quatro apuramentos para a Liga Europa (2013, 2015, 2017 e 2019).
O dirigente salientou ainda a diminuição do passivo do clube - caiu de 24 milhões de euros, em 2012, para 8,9 milhões, em 2018 -, a requalificação do Estádio D. Afonso Henriques e da academia e o aumento do número de espectadores nos jogos de futebol desde 2012.