Vítor Murta deixa SAD do Boavista: "Ser destratado na minha própria casa não é admissível"
Vítor Murta fez o anúncio esta segunda-feira, após a goleada sofrida pelo Boavista frente ao Braga no Bessa (0-4), em partida da 23ª jornada da I Liga
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"Quero dizer que já comuniquei ao acionista maioritário e irei comunicar ao presidente do Conselho Geral da SAD que cesso as minhas funções como presidente da SAD. Entrarei apenas em gestão, não obstante o acionista maioritário ter-me convidado para fazer mais um mandato", afirmou Vítor Murta, presidente da SAD Boavista, momentos depois da equipa de futebol ter sido goleada, em casa, pelo Braga (0-4), em partida da 23ª jornada da I Liga.
O ainda líder da sociedade desportiva axadrezada foi à sala de imprensa do Bessa dar conta da decisão depois de ter sido visado, pelos adeptos, no final da partida com o Braga. "Ser destratado na minha própria casa é algo que entendo que não é admissível", disse.
“Estiveram presentes no estádio e aperceberam-se que aconteceu o mesmo do que com o Gil Vicente. Parte da massa adepta teceu comentários e cânticos relativamente ao presidente do Conselho de Administração. O futebol é feito de emoções. Sou presidente do Boavista vai fazer seis anos. sou presidente da SAD há cerca de três anos e tudo tem um princípio e um fim. Como disse, foram adeptos, sócios que me colocaram nesta posição e deram prazer e gosto de ser presidente do Boavista e por inerência, da SAD. Às vezes, os adeptos têm memória curta, o que é normal, é futebol. Esquecem-se que quando cheguei não se pagavam subsídios de férias e de Natal, não tínhamos um campo digno para treinar, vivíamos dificuldades enormes. não estamos bem, mas estamos melhor. E temos futuro. Temos melhores condições, temos um projeto para a futura academia do Boavista, em Vila Nova de Gaia. Mas como disse, tudo tem um princípio e um fim. Sinto que o trabalho que realizei aqui foi positivo”, afirmou perante os jornalistas.
“Há cerca de 15 dias, terminámos mais um processo de uma dívida que o Boavista tinha de 1,5 milhões de euros ao nosso antigo treinador, Jaime Pacheco, e a outros jogadores dessa altura. Andámos a pagar dívidas com 20 anos e como esta, já se pagou dezenas. Este presidente liderou, ao longo dos tempos, várias candidaturas do Boavista na Liga, nem sempre fáceis, mas obtivemos sempre sucesso. E no final da época vamos manter-nos na I Divisão, acredito 101% nos nossos jogadores. [...] Entendo que neste momento é importante que o foco esteja nos jogadores e que os adeptos apoiem os jogadores. Entendo que sou fator de desestabilização, uma vez que as pessoas passam mais tempo a dirigir-se a mim em termos pouco próprios do que a apoiar a equipa. Como o Boavista está em primeiro lugar, sou sócio há 40 anos, a minha família é boavisteira e ninguém gosta de vir ao estádio de ser maltratados pelos seus e tomei a decisão. Já o devia ter feito no jogo contra o Gil Vicente. Ser destratado na minha própria casa, não acho admissível. Tomarei atos de gestão corrente e não tomarei decisão importante nos destinos do Boavista. A inscrição do Boavista para o próximo ano já não vai passar por mim. Desejo a maior sorte ao meu sucessor. Espero que o Boavista tenha sucesso", acrescentou Vítor Murta.
Desejo do fundo do coração que todos os que estiveram hoje na bancada a insultar o presidente do clube deles tenham razão e que quem me suceder que consiga resolver melhor os problemas do Boavista. É isso que eu desejo, porque sou boavisteiro"
“O meu mandato termina no final deste ano. Terei de reunir com a minha direção para saber o que será feito. O clube e a SAD devem andar de mãos dados, é importante que haja sintonia. Por isso, ponderarei também e ver o que vou fazer. Ainda não tomei uma decisão relativamente ao clube. Quanto à SAD, a parte do futebol... muitos acham que o Boavista é o futebol. O Boavista é muito mais do que isso. O Boavista todos os meses tem de encontrar soluções para o presente e para o passado. Todos os meses temos um custo que ultrapassa um milhão de euros por mês. Saio com salários dos jogadores em dia. Já receberam janeiro e quem me suceder vai encontrar soluções para fevereiro. Os funcionários receberam dezembro e antes de eu sair, vão receber janeiro. Na SAD sairei com salários de janeiro pagos para que nada me seja apontado. Durante o período de covid, não fiz layoff e paguei aos funcionários salários e subsídios. Desejo do fundo do coração que todos os que estiveram hoje na bancada a insultar o presidente do clube deles tenham razão e que quem me suceder que consiga resolver melhor os problemas do Boavista. É isso que eu desejo, porque sou boavisteiro", concluiu.