Vítor Matos: "É de valorizar ainda existirem quatro casos de sucesso na I Liga"
Vítor Matos prefere, em entrevista a O JOGO, olhar para os “bons exemplos” nos bancos lusos do que para as mudanças
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Vítor Matos defende que os treinadores precisam de tempo para “maturar o processo e conhecer os plantéis”.
As trocas constantes de treinador em Portugal assustam-no?
-Eu acho que é de valorizar ainda existirem casos de sucesso, como os de quatro treinadores na I Liga: o João Pereira [Casa Pia], o Vasco Matos [Santa Clara], o Tiago Margarido [Nacional] e o Ian Cathro [Estoril]. Vemos que as equipas deles estão numa lógica ascendente na qualidade de jogo e nos resultados. E isso é um bom sinal. É bom que aconteça, no sentido de provar que essa estabilidade; dar tempo ao treinador é importante. Por um lado, é algo que também me dá a garantia de que, em Portugal, ainda existe esse lado de sustentar um treinador perante uma sequência de resultados menos boa. Num ano de tanta volatilidade, estes casos são de louvar. Um clube contrata o treinador e a sua ideia de jogo, que é algo em que a estrutura tem que acreditar. Todos cometemos erros e todos temos maus momentos, mas a consistência que chega mais tarde tem muito a ver com o tempo que é dado ao treinador para maturar o processo e conhecer o plantel com profundidade. Muitas vezes, os plantéis só ficam fechados no início de setembro e isso implica que os treinadores precisem de mais tempo.
Que treinador do campeonato português lhe “enche as medidas”?
-Nem sempre consigo ver todos os jogos, mas há bons trabalhos que podem ser referidos. Não só em termos de identidade de jogo, mas também em termos de resultados e da forma como conseguiram tornar os respetivos plantéis competitivos. É de realçar o que o Vasco Seabra tem conseguido fazer com o Arouca nesta segunda volta. A época do Nacional também tem sido importante para cimentar o clube na I Liga e o Casa Pia também está a fazer coisas muito boas. O próprio Santa Clara está a protagonizar uma época incrível. São treinadores que tiveram tempo para criar bases e um bom nível de jogo, enquanto obtêm bons resultados. O próprio Braga, com Carlos Carvalhal, melhorou aos poucos até atingir um bom nível.
Há treinadores com potencial de Premier League na I Liga?
-Espero que sim [risos]. Muitas vezes, tem a ver com oportunidades de mercado, timings e expectativas. Neste momento, até há dois treinadores na I Liga que já treinaram na Premier League [Bruno Lage e Carlos Carvalhal]. O próprio Hugo Oliveira [Famalicão] e o Ian Cathro [Estoril] também lá estiveram noutras funções. Existe qualidade. Depois, tem muito a ver com os resultados e os momentos, como disse.