Vítor Bruno, treinador do FC Porto, fez esta segunda-feira a antevisão ao jogo com o Sporting, que conta para as meias-finais da Taça da Liga e tem início marcado para as 19h45 de amanhã
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Dá mais trabalho abordar este jogo quando já viu neste Sporting a ideia de três treinadores? "Não. Tem que ver com aquilo que fazemos sempre para qualquer adversário. Geralmente utilizamos uma base de dados que inclui os últimos seis ou sete jogos do adversário que vamos encontrar, procurar o contexto em que o vamos fazer e encontrar adversários que possam ter uma relação de espelho com o que somos para ver de que forma é que o adversário se comporta. Fazemos o que fazemos sempre. Analisámos o Sporting, mais, obviamente, estes dois jogos em que o Rui Borges esteve à frente do Sporting e perceber como a equipa se comportou e se havia uma grande diferença em relação ao que acontecia no Vitória. Obviamente que estamos a falar de um plantel diferente, com jogadores de perfil muito próprio, muito capazes do ponto de vista individual, que conferem ao jogo uma ou outra nuance. Foi isso que fizemos: olhar para o coletivo, perceber como é que o adversário se estrutura a defender e atacar. Como falávamos no início, as nuances de sair a três, mesmo numa linha a quatro, como acontecia no passado, defender a quatro já acontecia muito no passado. Se calhar, os alas podem ter um ou outro posicionamento diferente, porque é raro encontrá-los numa linha de cinco. Aconteceu agora, com o Maximiano, quando entrou agora em Guimarães para ajudar o Matheus Reis numa fase final do jogo quase como quinto homem… Ou seja, acredito que a espaços isso possa acontecer, pontualmente também dependendo muito do nosso perfil. Parece-me que vai ser uma linha de quatro? Sim. A defender em 4x4x2? Sim. Dentro do que era no Vitória, sem haver grandes diferenças. O que faz a diferença é o lado individual dos jogadores, que podem levar o jogo para outro nível, porque são jogadores muito capazes."
Tem a possibilidade de conquistar o segundo título esta época. Que importância é que ele tem para se impor? "No final de uma carreira, cada treinador olha para trás e vai buscar muito do que foi construindo em termos de palmarés individual, quantos títulos tem. Percebe esse lado mais objetivo, mais materialista, no sentido de capitalizar ao máximo o que vamos conquistando ao longo do tempo. Apesar de não parecer, também sou uma pessoa emocional, de relações, de vínculo. No final de contas, não devemos desprezar as relações e os vínculos que estabelecemos no futebol. Quando olhamos para trás, é muito isso que fica do futebol. Agora, títulos são sempre títulos. É um segundo título, é verdade, mas não preciso de me impor, nem quero, fazê-lo de uma forma autoritária. Quero que seja de uma forma natural. Quero que as pessoas olhem para mim como uma referência, um líder que lidera pelo que tem de fazer enquanto competência, transparência e lealdade na forma como se relaciona com os jogadores. Isso é o mais importante e os jogadores têm essa capacidade de sumatizar rapidamente quem está diante deles. E isso de forma natural ou imposto, porque também não sou dessa forma."
É importante para si apresentar resultados já? "É importante. É um título que está em disputa, no FC Porto tem de se querer ganhar. Ponto."
Qual é o impacto emocional da última jornada do campeonato? Isso muda a forma como encara esta Taça da Liga e o campeonato? "A confiança emerge do que têm sido os resultados mais recentes e não conseguimos dissociar uma coisa da outra. O comum analista, quem está de fora, o adepto, agarra-se muito para o que são os resultados, que é o que é visível, o que é palpável, o que se consegue extrair do que é feito. Ninguém vê o nosso dia a dia no Olival. Para mim, o importante é o dia a dia aqui no Olival, que depois tem de ser a base de tudo o que conseguimos alcançar mais à frente. O trabalho tem de ser construído de forma progressiva, sustentada, bem feita, com ideias concretas do que queremos. Em relação a virmos de um jogo da Madeira em que praticamente não jogámos, se afeta ou não. A Taça da Liga tem um formato diferente, com um caminho mais curto para chegar à final, em que fizemos um jogo e estamos na final four e fazemos mais um jogo amanhã e podemos estar na final. Não me parece que o Sporting venha mais fragilizado por ter empatado 4-4 em Guimarães, que seja um vencedor antecipado por estar neste momento no primeiro lugar do campeonato, nem que nós tenhamos vantagem por ter um jogo em atraso. É uma competição especial, muito própria, com um formato muito peculiar, em que com dois jogos podemos conquistar um título se ganharmos a final. É olhar para isso dessa forma. É um clássico, que leva sempre o jogo para um patamar de intensidade, de lado emocional que estará muito patente no campo. São duas equipas fortes, que gostam de se bater uma com a outra e que se conhecem bem. Depois é o lado estratégico e individual. Muitas vezes, nestes jogos, aparece o génio de algum jogador para resolver."