Vítor Bruno, as palavras de Eustáquio e o momento de Otávio: "Os meus filhos recorrem a esse serviço"

Já conseguiu perceber o contexto das palavras de Eustáquio e que impacto teve na equipa? "Quando saímos da conferência, fui inteirar-me daquilo que tinha sido dito. Sinceramente, não consigo perceber onde possa pegar em algo de diferente em relação ao que foi dito por mim e pelo Stephen. O que percebi foi: podíamos ter feito mais, mais golos, temos de melhorar o momento de finalizar, sob pena de, mais à frente, não ficarmos sujeitos a pequenos erros que possamos cometer, quando já devíamos ter resolvido o jogo mais cedo perante a quantidade de situações que criámos. Foi por aqui. E eu também entronquei nesse aspeto, porque me pareceu que a vitória tinha sido escassa perante a quantidade de ocasiões que criámos. Não há grande coisa a contestar. As palavras colam muito umas com as outras. Agora, que isto causou incómodo, causou. E não foi dentro do balneário com os colegas, foi incómodo no Stephen, que fez questão, quando me encontrou pela primeira vez no outro dia de manhã no Olival junto ao meu gabinete, e estava verdadeiramente incomodado, porque quiseram fazer do que ele disse um problema. E não foi. Ele apenas disse algo que também constatei aqui: que temos de melhorar os índices de finalização e fazer mais golos para não incorrermos em momentos em que possamos estar mais sujeitos a momentos em que o adversário possa entrar no jogo. Agora, agrada-me muito este sentimento de exigência, dos jogadores sentirem que podem marcar mais golos e fazer mais, porque é a cultura que estamos a cultivar e a educar aqui dentro, que faz parte da essência Porto."

Otávio admitiu que o período em que não jogou foi muito difícil, inclusive extra-campo. Como é que viu o jogador nesse período e que trabalho foi realizado para o recuperar? "O Otávio falou disso e até enalteceu duas pessoas que são importantes no seio do clube, que é a Dr. Vera e o Dr. Luís André, que são profissionais excecionais, super competentes e têm feito um trabalho meritório com ele. Não é mérito apenas meu ou da equipa técnica, é de muitas pessoas que têm um papel de relevo nas diversas áreas de intervenção que temos ao serviço do clube e que são ferramentas às quais temos de recorrer sem qualquer tipo de vergonha, sentimento de fraqueza, porque acho que a maior força do ser humano é aceitar a sua imperfeição. É preciso saber viver com ela, integrá-la e quando não temos ferramentas para o fazer, temos de recorrer a alguém especializado. É uma área que me cativa muita. A minha mãe é licenciada em Ciências de Educação, a minha irmã em Psicologia. Foi sempre uma área que sempre me disse muito e com a qual convivo desde cedo, porque sei que tem uma influência muito grande no rendimento das pessoas. E o Otávio teve a capacidade e humildade de perceber que em determinado momento precisava de recorrer a essas ferramentas. E fê-lo muito bem. Os meus filhos têm oito anos, dez anos e recorrem, desde há um tempo para cá, a esse tipo de serviço. Também têm um pai que tem alguma pancada e é preciso alguém que os equilibre um bocadinho, é verdade. Mas é algo que sinto que seja necessário. Não só ao Otávio, mas a qualquer Otávio. No mundo do futebol, em qualquer área, porque hoje em dia andamos demasiado asfixiados com a rotina diária, o consumismo que vemos, a falta de tempo que temos, os problemas que nos criam, e é preciso gente que consiga lidar com esse tipo de momentos. O Otávio teve essa capacidade e fez a reflexão de sentir que era preciso algo mais para lhe aportar valências para lidar com um problema que naquele momento o estava a invadir, fê-lo e fê-lo bem. Há muitos jogadores que recorrem a esse serviço no clube, como a outros de grau de excelência brutal. O clube está muito bem munido e só faz bem as pessoas utilizarem quem está permanentemente à disposição dos jogadores para que possam elevar o rendimento deles."