Jorge Pinto colocou a equipa do Fafe pela primeira vez na fase de subida da Liga 3 e diz que “não há nada a perder”. A ambição mantém-se
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Um empate a zero diante de outro candidato, o Amarante, bastou para o Fafe de Jorge Pinto carimbar a presença na fase de subida quando ainda falta disputar uma jornada da Liga 3. De volta à etapa de promoção, fase na qual participou com o Lourosa na época passada, tendo falhado o objetivo no play off diante do Feirense [vitória em casa por 1-0 e derrota fora por 3-0], o treinador sonha agora com um desfecho diferente. Contudo, reconhece que o Fafe, por ser um estreante nesta fase, assim como o 1.º Dezembro, poderá partir um pouco atrás em relação a outros rivais que já lutaram pela subida.
O Fafe apurou-se pela primeira vez para a fase de subida. Que avaliação faz desta campanha?
-Desde o primeiro dia, o convite era no sentido de melhorar o clube, torná-lo mais capaz e ambicioso. Foi o que fizemos. Este apuramento foi conseguido com alguma naturalidade, com uma estabilidade grande durante estes seis meses. Estivemos sempre nos quatro primeiros lugares e conseguimos este apuramento. Pareceu até tranquilo, mas este campeonato é muito competitivo, muito difícil, e leva estas decisões para as últimas jornadas. Neste momento ainda falta apurar três equipas.
Apesar de o clube nunca ter estado nas decisões, sentia que este podia ser o ano?
-Aceitei este projeto porque a administração da SAD tinha essa vontade muito grande. Queriam melhorar o clube, torná-lo mais ambicioso. Foram mudados comportamentos e hábitos, o que era necessários para o caminho que queríamos. Isso são coisas que demoraram algum tempo, porque não há varinhas mágicas que façam tudo acontecer mais rápido. Felizmente, correu bem. Conseguimos melhorar e mudar a mentalidade do clube. Hoje olha-se para o Fafe de outra forma, é uma equipa mais capaz e com ambição. As equipas que jogam contra nós encaram-nos com outros olhos e isso traz-nos mais responsabilidade. Temos de ter capacidade para responder a esse respeito dentro do campo, estando no máximo para vencer as partidas perante adversários que querem muito ganhar-nos.
Nos últimos cinco jogos a equipa venceu apenas um. Houve alguma quebra?
-Se nestes cinco jogos só ganhámos um e conseguimos apurar-nos, é sinal que anteriormente já tínhamos feito pontos suficientes para ter essa estabilidade. Conseguimos andar sempre pelos quatro primeiros lugares e isso deu-nos alguma tranquilidade. As coisas não nos têm corrido favoravelmente nos últimos jogos, mas sempre acreditámos no processo. Um empate [com o Amarante, 0-0] deu para nos apurarmos e ainda temos mais uma jornada pela frente. É um facto que temos pontuado menos do que o habitual nos últimos jogos.
É a segunda vez que está nesta fase. Foi mais difícil fazê-lo no Fafe ou no Lourosa?
-Desde que estou na Liga 3 como treinador nunca saí dos quatro primeiros. Isso aporta-me alguma maturidade. Ir à fase final na época passada deu-me experiência; já percebemos alguns comportamentos que acontecem nessa fase e podemos transmiti-los ao plantel. Nessa fase, a dificuldade aumenta muito. Quem for melhor vai subir, pois é um campeonato de meritocracia.
O que o fez sair do Lourosa e assinar pelo Fafe?
-No Lourosa entenderam que eu não era a solução e depois surgiu o convite do Fafe. As pessoas viram em mim aquilo que era necessário para catapultar o Fafe para outro patamar, pô-lo mais ambicioso. Acreditaram em mim, e isso levou a que aceitasse o convite, para tentar fazer crescer o clube, tendo uma exigência maior.
No ano passado chegou ao play off e esteve perto de subir à II Liga. Acredita que este ano o desfecho será esse?
-Naturalmente. Quando começa o campeonato, as dez equipas das duas séries pensam nos quatro primeiros para garantir a permanência. Nesta fase de oito equipas não temos nada a perder. Temos menos responsabilidade porque há equipas que já lá estiveram. Dos que foram apurados, só nós e o 1.º Dezembro ainda não estivemos na fase de subida à II Liga. O Lourosa, tal como o Varzim e o Atlético, já têm outro tipo de bagagem. Podemos partir um bocadinho atrás, mas somos uma equipa ambiciosa, que quer fazer o melhor possível e valorizar o clube, como temos feito até agora.
Orgulhoso por ter Tiago Leite e pela carreira iniciada no distrital
No dia 1 de janeiro, Tiago Leite foi considerado o melhor jogador da Liga 3 por dois treinadores ouvidos pelo jornal O JOGO: Bruno China e Pedro Bouças. Para Jorge Pinto é um orgulho contar com o avançado no plantel do Fafe. “O Tiago já estava identificado desde o ano passado. Fomos buscá-lo ao Anadia, tem um potencial enorme, sabe ouvir, trabalha muito bem e tem crescido em todos os parâmetros”, explicou o treinador, satisfeito com os seus desempenhos. “É o jogador com mais oportunidades das duas séries, assim como a nossa equipa. Esta visibilidade do Tiago deixa-nos orgulhosos. Esperemos que continue a marcar golos [tem dez] para nos ajudar”, apontou. Sobre a carreira de treinador, iniciada ao serviço do Infesta, Jorge Pinto considera que tem “subido com mérito”. “Comecei na AF Porto, estou na Liga 3 e quero continuar a crescer, sabendo que a exigência é enorme.”