Castro, herói em Berlim, viveu momento especial e é gabado por todos por uma dedicação irrepreensível. O amigo Rui Pedro destaca o poder de luta e a mentalidade, capaz de enfrentar adversidades
Corpo do artigo
Com apenas 33 minutos contabilizados, e após quatro jogos sem qualquer utilização, Castro ressurgiu, escolhendo o palco perfeito e hora mais ajustada para o brilhantismo. Estreou-se a jogar e a marcar pelo Braga na Champions, prova cuja dimensão conhecera ao serviço do FC Porto.
Chamado ao jogo aos 87 minutos para refrescar a equipa e escudá-la de dissabores em Berlim, numa altura em que o empate parecia ser resultado favorável, o médio entraria para provocar a catarse coletiva com um remate triunfal, de fora da área, na última licença do juiz para se atirar à baliza. Golo e remontada no Olímpico de Berlim, vista por mais de 73 mil adeptos. Euforia a jorrar numa impactante celebração conjunta, felicidade indescritível medida na celebração de Castro, elevado por Moutinho a herói do plantel.
O médio, de 35 anos, é querido por todos em Braga, como o foi no FC Porto e na Turquia. Por onde passe Castro ninguém vê um profissional acima dele. Junta empatia e liderança no comando do balneário. As homenagens a Castro foram verbalizadas pelos colegas nas entrevistas rápidas, e os elogios inundaram as redes sociais do jogador. A palavra "merecimento" dominou os tributos, comungados por antigos companheiros.
17115930
Apesar de já ter vivido muito no futebol, Castro deixou Berlim com um estado de graça difícil de ser equiparado. Entre os amigos especiais de um trajeto comum no FC Porto está Rui Pedro, sensível às vibrações da Champions. Afinal, foi carrasco do Braga num "hat-trick", ao serviço do Cluj. O avançado, atualmente sem clube, define o que viu. "Se havia alguém que merecia ser feliz naquele momento, era ele! Por tudo o que tem passado, pelos contratempos, que vão das lesões às opções. Nunca virou a cara à luta. Ficou demonstrado que está vivo!", frisou Rui Pedro, amplificando o reconhecimento a essa força mental que nunca se esgota.
"Sempre que tem tido oportunidade, tem dado uma resposta incrível! Se nos recordarmos ,foi o médio com mais golos na pré-época, fez um golaço no jogo de apresentação. Infelizmente, deixou de ter oportunidades nos jogos oficiais", nota. "Estou seguro de que se lhe derem continuidade não vai defraudar, porque a ambição e a qualidade estão lá", certifica Rui Pedro.
"Conheço-o desde os nove anos, tem a vontade de triunfar desde pequeno, a mesma fome que se vê hoje. É um espírito invejável, e é essa mentalidade que permite que ainda esteja com inteiro sucesso", enfatiza.
"Virar a cabeça a Castro"
Além de Rui Pedro, Ukra é outro pilar de Castro. Mas há mais a testemunhar a grandeza do médio. Como Hélder Barbosa, colega no FC Porto em 2010/11, não ignorando a formação. "Há poucos como ele, que tenham mantido a essência toda a carreira. Ele treina da mesma maneira que joga, não sabe o que é a palavra relaxar. É constante nessa intensidade e alegria. Foi muito bom ver o golo dele e ver o reconhecimento de todos. Não deixa transparecer qualquer má fase, tem sempre um sorriso no rosto", destaca, brincando com o perfil de Castro. "Ao meiinho bastava uma sequência de 20 toques, uma cueca ou um olé, e virava-se a cabeça do Castro. Deixava de dar o dobro, dava o quádruplo, ficava nervoso. Se estivesse a perder já o picávamos, ele irritava-se, espumava-se, pela natureza competitiva".
João Moutinho é parceiro para a vida...
Castro foi no momento do golo envolvido por enorme felicitação de João Moutinho e não foi uma reação no calor do jogo. A amizade entre ambos remonta ao tempo que passaram juntos no FC Porto, transitou para a esfera familiar, padrinhos de filhos e casamentos. Castro, mesmo procurando espaço na equipa, era um aprendiz babado da influência e inteligência nos dragões do agora companheiro. "São grandes amigos e aquele abraço representa bem o significado da relação que têm. Foi muito bonito de ver", sublinhou Rui Pedro.
17117247