"Vimos o Braga levar seis e no fim o seu treinador abraçado ao do Benfica a rir"
Em entrevista a O JOGO, o presidente do FC Porto nega a existência de problemas entre o grupo de trabalho e as claques. Deixa também alguns recados na direção de Braga, devido à atitude de Abel Ferreira
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Pinto da Costa desvalorizou os episódios protagonizados entre as claques e o grupo de trabalho no final dos jogos com o Rio Ave e o Aves. Só um reparo: a roda final da equipa deve ser feita a meio do relvado.
Nos últimas semanas passou uma ideia de que o FC Porto está com problemas internos. Tem algum fundamento?
-Não sei a que tipo de problemas se refere. Talvez esteja a falar do pequeno desacordo que houve em Vila do Conde, da claque com os jogadores e técnicos. Isso é perfeitamente normal e não atingiu o espírito do grupo. A prova disso foi o apoio que a claque manteve nos dois jogos seguintes. Inclusive na Madeira houve um apoio maciço, demonstrando que estavam identificados uns com os outros. Não entendo que se diga que houve um desfasamento quando a claque exibiu uma tarja a dizer que odeiam os que não se zangam quando perdem e referindo-se ao Sérgio Conceição dizendo que ele é um dos nossos. Da parte dele também sempre vi um grande reconhecimento para com os adeptos. Mas também sei que há uma grande parte da Comunicação Social - e muita, assumo, desonesta - que aproveita qualquer pseudoincidente para empolar as situações. Há dias ouvi aquele senhor Brás, o cartilheiro da TVI24, a falar das claques e a comparar, ainda que em menor grau, os incidentes gravíssimos de Alcochete com o que se passou entre a claque do FC Porto e o Sérgio Conceição. Isto só é admissível num indivíduo mal formado que está a dar um recado. Onde estiveram os confrontos? O Fernando Madureira tirar o casaco e a camisola? Quando muito é um confronto com o alfaiate. Esse senhor Brás - e gosto muito de Bacalhau à Brás, que foi o meu almoço hoje - é inqualificável, fala como uma metralhadora mas só dispara ódio ao FC Porto. Atrever-se a comparar uma contestação do Fernando Madureira em que Sérgio Conceição está comigo a falar com os adeptos junto do autocarro com os incidentes de Alcochete... Esse senhor é desonesto.
"Na Madeira provou-se que todos se mantêm unidos"
Houve quem dissesse que a equipa foi humilhada com o Aves quando voltou para junto da claque. Que leitura faz?
-Vi coisas interessantes a propósito disso. Por exemplo, que a administração tinha feito uma reunião de emergência no camarote. Vou dizer o que se passou: quando terminou o jogo fui chamado para tirar uma fotografia com uma senhora que fazia 80 anos, fiquei lá um pouco e voltei ao camarote para combinar umas coisas com uns amigos. Foi quando vi a claque e fiquei admirado e perguntei se não saíam. O visitante é que tem de esperar, até pensei que tivesse havido algum incidente com a polícia. Fui para baixo para ver o que se passava e quando cheguei ao túnel já os jogadores vinham a sair. Dizer que houve reunião e que eles voltaram para trás porque eu mandei, que também vi escrito, é falso. Não tive qualquer participação nisso. Os jogadores tinham feito a roda no meio e eu, pessoalmente, entendo - mas não tive qualquer interferência na decisão - deve ser feita no meio do estádio. Os SuperDragões são essenciais porque são eles que colocam o estádio a cantar e a incitar a equipa, nos jogos fora se não fossem eles pouco apoio o clube teria, mas todo o estádio de um modo geral está com a equipa. Por isso, entendo que a roda deve ser feita no meio para que todos estejam à mesma distância e depois que haja uma ida para agradecimento às claques. Soube que nesse jogo em questão [Aves] fizeram a roda no meio e foram logo embora e a claque levou a mal. Os jogadores quando souberam isso resolveram voltar atrás, não por estarem arrependidos ou com medo, mas que as claques teriam razão de estar ressentidas. Na Madeira provou-se que todos se mantêm unidos.
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"NÃO ACREDITO QUE OS JOGADORES DO BRAGA FACILITEM"
Reações e declarações de Abel Ferreira não foram bem recebidas, mas não coloca em causa a idoneidade dos minhotos.
Acredita que o Braga, o treinador ou os jogadores facilitem num jogo com o Benfica?
-Não, não acredito. Mas o Braga não perdeu com o Benfica por facilitar. Já com a segunda parte a decorrer, o Braga esteve a ganhar 1-0.
"Vimos o Braga levar seis e no fim o seu treinador abraçado ao do Benfica a rir. Não é normal"
Mas ouvimos outras coisas nos canais de informação do FC Porto...
-Que os jogadores facilitem, não acredito. E temos a prova deste Braga-Benfica. Enquanto o árbitro não resolveu inventar um penálti, o Braga estava a ganhar. Agora, quando um indivíduo leva com um penálti que não é, vê que o João Félix tem de ser expulso, por ter um amarelo, e não é - quando está a um metro do juiz de linha e a três do árbitro - os jogadores sentem que aquilo está tudo feito. O que pode ver nos canais [de informação] e eu também penso, é que, por exemplo, o treinador [Abel Ferreira], se o FC Porto ganhar ao Braga por um, dois ou três, barafusta e sai zangado. E vimos o Braga levar seis, não porque os jogadores tenham facilitado, mas porque o futebol é assim, e no fim o treinador do Braga abraçado ao treinador do Benfica a rir. Isso é que não é normal. Como creio que sabe, não tenho qualquer interferência nos programas do Porto Canal. Acho estranho que tenham defendido isso. Não ponho a mínima dúvida de que os jogadores do Braga querem sempre ganhar todos os jogos. Agora, a reação do treinador... Leva seis, acaba a rir; perde o jogo, em casa, por interferência direta do árbitro, até foi um desrespeito para a equipa, e o comentário que vem fazer é que o Benfica tem estofo de campeão. Aí, se é que o fazem, é natural que realcem. Agora, colocar em causa a honestidade dos jogadores e do presidente do Braga, nem me passa pela cabeça.
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