Na opinião de António Simões, antigo jogador, treinador e dirigente das águias, os atletas encarnados, "quando se deram conta, já não só tinham perdido um autocarro mas sim três ou quatro"
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A interrupção do campeonato, que entretanto se prepara para ser retomado no final do mês, veio permitir a Bruno Lage e ao plantel encarnado reorganizar ideias numa altura em que ainda pesava na cabeça os sete pontos (e a liderança da Liga) perdidos para o FC Porto. António Simões fala de uma espécie de "vírus" pré-coronavírus que atacou as águias. "Acho que houve algum deslumbramento e algum abrandamento, o que, combinado, significa que não se chega a tempo de apanhar o autocarro. Quando se deram conta, já não tinham só perdido um autocarro mas sim três ou quatro. Houve um contágio que se alastrou aos melhores jogadores, como a Pizzi, com alguns outros também a baixarem de forma. Um começou a passar mal, depois foi mais um e mais outro, é como se o coronavírus tivesse aparecido mais cedo no Benfica. E, a certa altura, vimos uma equipa a adoecer, com todos a terem menos rendimento", refere a antiga glória da Luz.
António Simões entende que, por tudo o que sucedeu a partir de certa altura no campeonato, "o Benfica tem de fazer o diagnóstico": "Esta paragem não foi boa pela razão que foi, mas deu tempo ao Benfica para parar e pensar por que razão perdeu tantos pontos e evitar que essa espécie de vírus não volte a aparecer de novo no recomeço da prova."
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Simões acredita que o atraso de um ponto para o FC Porto não pesará nas águias no que falta disputar neste campeonato: "Faltam dez jogos e um ponto de diferença não é nada, embora fosse sempre melhor ser ao contrário. Esta paragem ajuda sempre mais quem vem atrás. A pandemia fez com que não se falasse mais do que foram os sete pontos de avanço perdidos, ajudou a esquecer um pouco isso."
Habituado a jogar em estádios onde, por norma, a maioria dos adeptos apoiam a equipa, o Benfica vai ver-se agora perante bancadas nuas caso se confirme o retomar da Liga. António Simões apelida isso de "estranho" mas acredita que será possível encontrar-se uma solução de compromisso. "Acho estranho um jogo sem público, é como se fosse um treino. Até estou a ver um jogo a decorrer e o treinador a entrar em campo para corrigir um jogador... Devia haver um limite de pessoas a assistir e a UEFA entregava a diferença do valor da receita total aos clubes. Este é o momento de UEFA e FIFA ajudarem os clubes, têm a obrigação moral de o fazer, pois são riquíssimas devido ao futebol", alega. E, na opinião do também antigo dirigente, nem se coloca a hipótese de dar um título se a Liga não for terminada em campo. "Era uma corrida, veio um temporal, neste caso, um vírus e ela parou. Se não for possível [acabar o campeonato], não se pode dar o título de campeão porque nem todos correram a distância prevista", defende António Simões.