Villas-Boas: "Todos têm amor ao FC Porto. Se isto é dividir, é. É assim que funciona a democracia"
Respostas de André Villas-Boas a questões colocadas por sócios e adeptos do FC Porto na ação de campanha, este domingo, em Vizela
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Força da candidatura: "Gostava de poder dizer que vai acontecer. Este movimento tem muita força. Do outro lado está uma candidatura poderosa, de um presidente a quem devemos muito, que será honrado. Mas há uma fação de um lado e outra de outro e haverá quem esteja do lado do Nuno Lobo. Todos têm amor ao FC Porto. Se isto é dividir, é. É assim que funciona a democracia. Há divisão para depois haver novamente união. O bem comum é o bem do clube. As democracias são assim. Que ganhe o melhor e que esse melhor seja o FC Porto."
"Esta semana comprei uma camisola do Boca Juniors dos anos 90. Duas do FC Porto, uma de 1996 do Sérgio Conceição, uma Kappa que comprei em Londres quando fui ver o jogo com o Arsenal e a tal do Boca. Isto para dizer o quê? Este espaço, com o qual nos relacionamos com nostalgia, está a desaparecer"
Com Villas-Boas, pode-se esperar cedências de jogadores do FC Porto ao Vizela, uma das filiais mais antigas?
"O ecossistema do futebol e as tomadas de decisão mudaram radicalmente. Já pouco obedece ao que acontecia nos anos 80 e 90, onde o conceito de filial de um clube existia enquanto vínculo emocional e havia esse sentido de respeito. O futebol atual nada tem a ver com isso. O conceito de dar mais à filial deu lugar ao conceito dos interesses à volta do futebol, por conta dos agentes desportivos e também por escolha dos jogadores, que ganharam novo poder de decisão pessoal no seu rumo. Os três grandes ainda são propriedades dos sócios, o FC Porto está invadido por proprietários e por mudanças dos mesmos cada vez mais frequentes, que veem o clube como meio de tirar retorno financeiro. Para mim é uma vantagem enorme um clube de associados. Os três grandes estão sobre pressão de tesouraria para voltarem a reequilibrar-se. A influência das propriedades também conta aqui. Não sei se é só culpa da direção desportiva ou também do próprio ecossistema. Esta semana comprei uma camisola do Boca Juniors dos anos 90. Duas do FC Porto, uma de 1996 do Sérgio Conceição, uma Kappa que comprei em Londres quando fui ver o jogo com o Arsenal e a tal do Boca. Isto para dizer o quê? Este espaço, com o qual nos relacionamos com nostalgia, está a desaparecer. No caso do futebol, enquanto modelo de negócio, já foi. Uma filial já não é honrada como antes. Este também é o espírito da Fundação FC Porto. Quando comparticipar participações, traz de volta o espírito da prática do desporto amador."