Villas-Boas: “Sérgio Conceição é o meu eleito, mas terá de corresponder às expectativas de ambos os lados”
ENTREVISTA O JOGO E TSF, PARTE V - Para o candidato da Lista B nas eleições para a presidência do FC Porto, a continuidade do treinador dependerá de uma decisão tomada a dois
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Falou da criação de um plantel competitivo e isso remete para o tema do treinador. Já disse que se vai sentar para conversar com Sérgio Conceição. O que é que espera ouvir?
-Não sei. Eu pus em causa e questionei a não renovação do treinador o ano passado. Fui treinador e sei perfeitamente os momentos em que nós, enquanto treinadores, nos sentimos sozinhos ou desalinhados da estrutura. E, para mim, esse momento tinha sido a eliminação com o Inter de Milão na Liga dos Campeões. Portanto, estranhei o facto de uma estrutura à FC Porto não ter valorizado o seu treinador nessa altura. Evidentemente, temos de perceber quais são as emoções e as motivações que invadem o treinador, que começa passo a passo também a conhecer a nossa estrutura, a conhecer o nosso modo de funcionar. Eu tenho ideias muito específicas relativamente à organização de uma direção desportiva, e tudo isto obedece também a um funcionamento estrutural com o treinador que poderá ser ou não ser do seu agrado. Portanto, este é um compromisso de palavra que o Sérgio Conceição fez com o ato eleitoral e é um compromisso de palavra que eu também assumi com ele. Essa será a primeira grande reunião para perspetivar se há um futuro a dois e depois, não havendo, cada um planeará as próximas épocas.
Villas-Boas não tem dúvidas de que Sérgio encaixa no perfil de treinador ideal para os dragões, mas terá de haver um encontro de vontades entre ambos para que o futuro se construa em comum.
O treinador é uma escolha em que é conveniente não falhar...
-Toda e qualquer decisão é conveniente não falhar. Estrutural, de treinador, desportiva, de escolha dos jogadores. Mas o treinador é muito importante. É claro que estamos a falar de uma peça fundamental no projeto desportivo, ou seja, na sua direção desportiva aliada também com o perfil e cultura do clube e o perfil do treinador. A partir daí, é claro que o Sérgio Conceição simboliza perfeitamente os valores do FC Porto como ninguém e encontramos nele muitas coisas que vão de encontro aos perfis que se desejam. Agora, esta é uma decisão que vamos ter de tomar e tomaremos em conjunto.
Precisamente por falar em perfil, não havendo para já um nome, qual é o perfil do treinador do FC Porto?
-Não queria entrar por aí, porque acho que seria injusto. A partir do momento em que entramos nos perfis... em primeiro lugar, os sócios do FC Porto sabem de que perfis é que estamos a falar quando falamos de um treinador à Porto. E depois, os jornalistas também sabem o que são esses perfis. Portanto, sem querer saltar ou dar um passo maior que a perna, vamos com calma relativamente a isso.
E o Sérgio Conceição tem esse perfil?
-Sim, em absoluto.
É o seu eleito? O seu número um para o cargo?
-Certo, mas isso terá de corresponder às expectativas de ambos os lados. Estamos a fazer mudanças importantes relativamente à cultura do clube e à direção desportiva. Portanto, tem de haver sempre alinhamento. Vocês tiveram aqui um candidato que diz que o Sérgio Conceição é o seu diretor desportivo. São modos de pensar totalmente diferentes do que é o nosso, que obedece a uma direção desportiva, plenamente organizada, estruturada, onde o scouting, a formação, a performance e a direção desportiva têm um papel preponderante e o treinador dedica-se à função de treinar a sua equipa.
Sérgio Conceição apareceu na apresentação da candidatura de Pinto da Costa, deu um abraço ao atual Presidente…
-Sim. Não tenho problema nenhum com isso, porque eu enquanto treinador do FC Porto também me identifiquei emocionalmente com o Presidente, enquanto treinador e enquanto sócio, como qualquer um e como todos, porque todos o conhecemos durante estes 42 anos como o Presidente dos Presidentes. E eu entendi aquele momento precisamente como isso: uma pessoa que tem de estar porque se não estivesse iria ser interpretado de forma muito mais negativa. Acho bem que o tenha feito, que se tenham abraçado. O treinador neste momento manteve a sua palavra, não tenho razão nenhuma para desconfiar que não a mantenha até ao fim.