Villas-Boas: "Serei implacável com toda e qualquer pessoa que tenha lesado o FC Porto"
Declarações de André Villas-Boas na Casa do FC Porto, em Espinho, onde esteve acompanhado por Angelino Ferreira. O candidato às eleições do FC Porto, marcadas para 27 de abril, teve direito a casa cheia
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Sobre o diretor desportivo: "O que estamos a fazer com o diretor desportivo é analisar os perfis da direção de scouting. Estamos entre dois perfis e a opção poderá recair numa ou outra. Enquanto a direção desportiva está escolhida e será apresentada em breve, no scouting estamos entre duas pessoas. É uma área de intervenção fundamental, por conta da mudança do ecossistema do futebol atual.
O futebol atual: "Há o grupo City, o grupo Red Bull, do PSG, do John Textor... Se o FC Porto estivesse interessado num certo jogador do grupo City, é provável que o Manchester City, casa-mãe, tenha algo a dizer sobre esse jogador. Os fundos de investimento estão a comprar as carteiras de jogadores de agentes, o que pode motivar a ordenação de transferências para determinados grupos de clubes. Tudo isto obriga a nova colocação de mercado. O mercado brasileiro é muito mais competitivo agora, há os casos do Vinícius, do Endrick, do Julián Álvarez... Não há ponte em Portugal."
O caso de Marcos Leonardo: "O nosso rival teve de pagar 20 M€ por um jogador que era um dos grandes talentos do campeonato brasileiro. Esse é um exemplo."
Auditorias que pretende fazer podem colocar em causa a instituição e o nome de Pinto da Costa? "É obrigação de toda e qualquer nova Direção analisar a situação atual e o porquê de determinadas perdas de valor. Na bilhética quero saber o que não posso voltar a fazer. Desconfio que sejam certas coisas, mas vou à procura de saber que foi por causa disto e daquilo que perdemos valor. Temos o estádio mais cheio, em termos de taxa de ocupação e menos dinheiro a entrar nos cofres do clube. São zonas de intervenção, tenho de saber as razões da perda e encontrar culpados e razões. O mesmo em relação à equipa B. Quero saber porque é que vieram X jogadores, quanto foi pago, porque é que determinados intermediários estiveram metidos nos negócios... Tenho de saber porquê. Serei implacável com toda e qualquer pessoa que tenha lesado o FC Porto. Não é para tocar no legado de Pinto da Costa, mas qualquer empresa normal tem de entrar nestas diligências. O FC Porto é superior a toda e qualquer pessoa, ninguém é mais importante do que o clube. Aprendi isso, jogadores e treinadores trabalharam no FC Porto e são vistos como visitantes, não obstante o que fizeram no clube. Se ninguém é mais importante do que o clube, isso aplica-se à pessoa que nos deixa todo este legado e responsabilidade."
Clube dividido? "Toda e qualquer eleição onde todos temos o mesmo propósito leva à escolha entre uma ou outra candidatura. Quando há eleições dentro das instituições, elas são divisionistas por natureza. Se depois os adeptos do FC Porto são incapazes de ver o seu bem comum, isso não responde a mim, responde à incapacidade de alguns de ver o bem maior do clube, que são as vitórias. Estamos a viver uma época inédita na história do clube. Muitos dos presentes viveram 1982, mas quem viveu a forma como ele ocorreu, esse é que foi divisionista, com jogadores e treinadores raptados. O verão quente que ditou a eleição do presidente e ainda bem. Alguns preferem uns, outros preferem outros. Tem de haver capacidade de defender o bem comum ao ser eleito um presidente pela vontade dos sócios. Vamos olhar para o bem do nome do FC Porto."
Remuneração da administração: "O compromisso será bem maior do que um corte de 50%. Vou para trabalhar para o FC Porto, não tenho intenção de me servir do FC Porto, de forma alguma. Em Conselhos de Administração é preciso pagar o valor das competências, tal como é o caso do Pereira da Costa, que aceitou um corte do que recebia atualmente. Vem em espírito de missão. No caso da remuneração variável, é só ir até 60% da fixa, dependente de ponderadores positivos da parte financeira e desportiva."