Villas-Boas: “No Olival há campos por utilizar por proteção do ambiente da equipa principal”
Declarações Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, na Casa de Famalicão, onde esteve com António Tavares (MAG), Angelino Ferreira (Conselho Fiscal de Disciplinar) e Fernando Freire de Sousa (cabeça de lista ao Conselho Superior), João Borges (Operações), Tiago Madureira (Negócio e Expansão Internacional)
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Academia: "Estas candidaturas não são para escolher uma academia. É muito importante que os sócios também tenham noção disso. Isto vai muito além das academias. Quando nós começámos esta candidatura, em 2022, não havia projeto de Academia da Maia. O projeto de Academia da Maia foi, como vocês viram, acelerado recentemente. Ou seja, quando nós começámos, o que estava em causa era a rescisão contratual da Academia, estabelecida em 2020 como promessa eleitoral, em Matosinhos. Portanto, o que é que nós fizemos? O FC Porto, como está atualmente financeiramente, para ter dinheiro para construir uma cidade do futebol nova, tem que batalhar muito. Se o nosso caminho é o de sustentabilidade, de rigor, de gestão, de disciplina orçamental, de controle de custos, temos que ser realistas com o que queremos fazer. Todos nós sonhamos com uma casa, uma moradia de 3 mil metros quadrados e com 5 pisos. Mas a realidade é que se calhar nem todos podemos ter uma casa e uma moradia de 3 mil metros quadrados e de 5 pisos. Portanto, nós temos que viver dentro destas realidades, porque senão, o que é que vai acontecer? O doutor Angelino estava agora a falar. Continuamos a aumentar o passivo e continuamos a passar para outros a responsabilidade de fechar a porta. Portanto, o que é que nós fizemos? Em primeiro lugar, o sentido de unidade. Ou seja, para nós não faz sentido dividir o FC Porto em três polos distintos. A Maia, para a formação, Gaia, para o futebol sénior e o Estádio do Dragão. Portanto, se há um sentido de unidade, para haver sentido de unidade, só pode haver um sítio, que é em proximidade com o atual. A partir daí, que possibilidade é que tínhamos no Olival? Apareceram-nos dois terrenos. Um que está relacionado com um senhor muito conhecido na zona do Olival, chamado Sr. Barbosa e outro da família Amorim. O do Sr. Barbosa tinha uma pendente enorme para o rio Douro. O outro, que nos permitia viabilidade de construção de cinco campos, relvados, também um hotel ou uma residência e um pavilhão para as modalidades profissionais do FC Porto."
Formação: "Portanto, permitido isso, a nossa decisão era, colocamos a formação neste novo espaço ou colocamos as equipas profissionais neste espaço? E a nossa decisão foi, vamos colocar as equipas profissionais neste espaço. Porquê? Porque o atual centro de treinos e formação desportiva do Olival, também já tem 20 anos e uma equipa de elite profissional, como a do FC Porto precisa das melhores condições possíveis a nível da elite europeia. Portanto, faz para nós sentido mudar as equipas profissionais do FC Porto para este espaço? Ou seja, Sub-19, equipa B, equipa principal e, eventualmente, a dois anos, a equipa sénior profissional feminina do futebol pelo FC Porto.
Porquê que faz sentido estas três equipas? Porque é a linha mais sensível da ascensão de um jogador da formação na equipa principal. Ou seja, Sub-19, equipa B e equipa profissional.
Desta forma, o que é que nós fazemos? Mudamos a formação que atualmente treina com a casa às costas, em diferentes campos na zona de Gaia, colocamos a formação no atual centro de treinos e formação desportiva do Olival. O que é que eles vão encontrar neste espaço? Encontram três campos seguidos, mais um sintético, mais um mini-estádio. O que é que nós queremos fazer com esse sintético é renová-lo também e, potencialmente, torná-lo viável do ponto de vista de se ver também nesse espaço de competições a nível dos jogos."
Olival: "O que é que se passa atualmente com o Olival? Quando a equipa sénior treina, há normalmente dois a três campos por utilizar, às vezes quatro campos por utilizar. Isto porquê? Por proteção do ambiente da equipa principal, há outros campos que não estão em atividade. Ou seja, um treinador da equipa principal não quer os jovens a treinar ao mesmo tempo naqueles campos paralelos. Portanto, normalmente, há três campos que estão destinados à equipa principal. Há um sintético que está por cima destes três e depois há um mini-estádio. Se a equipa B não estiver a treinar, se o treinador agora ordenar ninguém treina nesse sintético e o treinador da equipa principal utilizar um campo, quer dizer que você tem quatro campos parados. E é esta taxa de ocupação que não pode ser."
Sustentabilidade financeira: "Atualmente, no FC Porto como se encontra se continuarmos a tirar com a barriga para a frente, quando é que vem a sustentabilidade financeira? Quando vendemos ao fundo Quadrantis, ou a um fundo americano qualquer? Isso é que é a questão. Nós já não podemos esperar mais tempo. E apesar da outra obra ser de magnânima, eu também gostava, eu podia facilmente agora estarmos a vender o maior sonho do mundo. E em Gaia construia uma academia, uma cidade de futebol com dez campos de futebol. Se ela não é viável, o que é que interessava? Interessava-me do ponto de vista da candidatura, potencialmente, mas se ela não é factível, nem do ponto de vista financeiro faz sentido, qual é que era o interesse? Portanto, a minha questão aqui é: rapidez de obra, unidade, ou seja, futebol profissional junto com o futebol de formação, pavilhão para as modalidades profissionais. Porque o que é que se passa? Se eu quero crescer também em modalidades, ou seja, futsal e voleibol masculino, também tenho que ter para as equipas principais profissionais um pavilhão instalado. Ou seja, este é o centro de alto rendimento e estão centralizadas lá todas as equipas profissionais de FC Porto. Agora, isto é muito mais rápido do ponto de vista da operação, da construção, porque são menos campos, e do ponto de vista do custo, é metade do preço."
Custo: "Nós estimamos, entre o custo da terra, mais o custo das infraestruturas, andar à volta de 35 ou 40 milhões de euros. A outra cidade de futebol, a outra academia de futebol, será seguramente entre os 50 e os 60 milhões de euros, porque tem 10 campos relvados, porque tem uma infraestrutura também de residência, tudo isto tem um custo associado que é muito maior. Nós, nesta fase da vida do FC Porto, onde há 500 milhões de euros de passivo para pagar, onde para operar no seu dia-a-dia, este é o próximo desafio desta direção, nós entrando no dia 28 de abril, há que fazer face aos salários de abril, aos salários de maio, aos salários de junho. O FC Porto não tem cash flow acessível operacional, não tem tesouraria para pagar, a não ser recorrendo a antecipação das receitas. Esta é a realidade do FC Porto. Portanto, aqui a disciplina orçamental, o rigor, uma gestão cuidadosa, uma gestão que olha de forma racional para o despenho é fundamental. Os outros mandaram com a barriga para a frente e passam agora a estes, 500 milhões de passivo, 310 milhões de dívida financeira. Ou seja, este é um desafio para nós que é super difícil de ultrapassar, além de que vocês vão exigir de nós capacidade competitiva, ganhar troféus, esta é a nossa exigência. Agora, esta exigência para que respondamos a ela, também temos que ser criteriosos na escolha."
Dois projetos: "Uma coisa é certa, é bom para o FC Porto termos dois projetos, porque vamos imaginar que eu tinha lançado esta candidatura e nem sequer há esse projeto na mesa e estamos todos vinculados com a Maia, sem saber se ela vai para a frente, em que condições é que vai para a frente, se o FC Porto vai ganhar a hasta pública, agora a 15 de abril, se há mais condicionantes ou não, se o mesmo se torna, em algum caso, mais jurídico para a frente, tendo em conta todas as acelerações de processo que estão relacionadas com a mesma, tudo isto são questões que se levantam e que o FC Porto não pode esperar mais tempo. Portanto, é bom que a gente tenha duas soluções, e a minha máxima atenção é olhar para os dois de forma bem criteriosa e ver quais é que são as possibilidades."