Villas-Boas: "As casas estão estranguladas porque os bilhetes vão parar a um grupo organizado de adeptos"
Declarações de André Villas-Boas, candidato às eleições do FC Porto, em Ponta Delgada
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Protocolo com as claques: "No movimento das claques, nem tudo está no negócio dos bilhetes. Em primeiro lugar, é fundamental também fazer essa diferença, porque nem toda a gente está envolvida no lucro através dos bilhetes. Temos a intenção de fazer uma análise forense à bilhética do FC Porto, porque temos perdido muito valor ao longo dos anos. Nem toda a gente está nesse negócio. O que não é possível é eles dominarem tantos setores e depois terem benefícios que outros associados do FC Porto nem sequer têm. Principalmente o privilégio de saltarem à frente muitas das pessoas que fazem filas de horas e horas para ter acesso a um bilhete e que depois são ultrapassadas, por um lado e pelo outro, por membros ligados às claques. Todo o protocolo das placas é para regulamentar. Porque se há um amor profundo que é o do futebol com o do Porto, também tem que compreender que tem que haver justiça para com os outros associados e não dizer que ninguém pode ser privilegiado relativamente a outros. Portanto, esses protocolos são para ser refeitos, tanto com os Super Dragões, tanto com Coletivo."
Mercado negro da bilhética: "Há imensos casos de pessoas que têm pago desde 150 a 300 euros para os jogos mais importantes. Há casas do FC Porto que se têm visto privadas de bilhetes ou, por exemplo, a casa do FC Porto de Penafiel acaba com um bilhete da casa do FC Porto de São Miguel. As casas estão estranguladas em termos de bilhética porque todos os bilhetes vão parar, infelizmente, a um grupo organizado de adeptos, que usava esse mercado para compra e venda. Toda a gente sabe, já toda a gente percebeu e é o que toda a gente quer que termine imediatamente. Além de que lesa, de forma clara, o clube. E é isso que tem que parar. Todas as pessoas que estão nesta candidatura estão em espírito de missão e de amor pelo FC Porto. Serei inflexível e implacável com toda e qualquer pessoa que tenha lesado o FC Porto, porque não é possível que se tenha vivido à conta do FC Porto".
Impossibilidade de votar em algumas casas: "A questão do voto que lançou acabou por estar muito presente no momento infeliz que foi o 13 de novembro. Isto porque, inicialmente, quando esta caminhada começou e sensivelmente há um ano, um ano e meio, em conversas informais com o Dr. Lourenço Pinto, o que estaria em questão para mudança no futuro era, sobretudo, a data das eleições e não uma mudança total estatutária. Havia conversas de tentativa de mudança dos estatutos feita por parte do Conselho Superior eleito em 2020. Mas falava-se, sobretudo, de uma mudança de data. Ou seja, que as eleições fossem marcadas em junho e não em abril. Com o passar do tempo, o que acabou por acontecer? Acabou por haver uma tentativa de mudança dos estatutos do clube e muitas coisas onde havia algum risco de falta de transparência. Em primeiro lugar, havia um corte de direitos. Ou seja, normalmente, quando um jovem atinge a maioridade, tem a capacidade de votar para a Presidência da República, para as Legislativas, seja ou o que for, e FC Porto ia impedir que isso acontecesse. Uma pessoa que atingisse a maioridade, teria que cumprir um ano mais de associado antes de exercer o direito de voto. Isso era um ponto onde os sócios estavam contra essa tomada de decisão."
Direitos dos sócios-correspondentes: "O que poderemos discutir, um dia, no futuro, é se faz sentido haver a categoria de sócio-correspondente. Já que os benefícios são tão poucos, apesar de haver ali um pouco de desconto na cota, se calhar, o mais fácil é não haver a categoria. Obrigaria a um esforço maior, mas traria todos os outros direitos. Portanto, isto é uma questão que tem de ser levantada, que virá nessa renovação estatutária. Como é estatutário, o sócio-correspondente não pode fazer parte dos órgãos sociais, não pode ir a uma Assembleia Geral, não pode convocar uma Assembleia Geral e, naturalmente, não pode exercer o direito de voto numa Assembleia Geral eleitoral. Isto vem muito numa nova edição dos estatutos."