André Villas-Boas e Michele Montesi, presidente e Chief Strategy Officer do FC Porto, respetivamente, estiveram à conversa num evento durante o Mundial de Clubes, em junho, que foi agora disponibilizada pela Columbia Business School
Corpo do artigo
Equilibrar as finanças com o sucesso desportivo: “A tolerância é zero, estamos sempre sob muita pressão, também por causa do nosso passado. O FC Porto é um clube histórico, ganhou muitas provas internacionais com o anterior presidente e esse peso, esse 'fantasma', anda sempre nos cantos do estádio. [risos] Os adeptos colocam-nos sob pressão no que toca a resultados. Usámos este último ano para salvar o clube, mas agora estamos finalmente na posição de investir, não só em infraestruturas, mas também na equipa, tendo presente que temos de ter resultados e dar títulos aos adeptos. É uma situação que não se compara com a dos clubes do meio da tabela da Premier League, que funcionam como veículo financeiro... Para nós, para o Real Madrid, Barcelona, Benfica ou Sporting, há essa pressão tremenda para mostrar resultados desportivos. Então, há que investir na equipa com esse objetivo. Quando as coisas não correm bem, podes fazer apenas um mandato de quatro anos... Se correr bem, as pessoas veem o progresso e sustentam a tua liderança por mais tempo. É o contexto delicado de liderar um clube de associados.”
Exploração de África e de outros continentes em busca de talento: “Estivemos em Angola em outubro para recuperarmos uma parceria e um protocolo que tínhamos perdido, particularmente com algumas das melhores academias de lá. Ainda estamos curtos para o que queremos alcançar em África, pelo talento que há. Temos este protocolo em Angola, temos outro no Brasil, na Colômbia, vamos ter um nos Estados Unidos... São protocolos de desenvolvimento de talento, que quando é identificado é elevado, eventualmente, até à Academia do FC Porto. É o modelo com que queremos trabalhar. Fazemos a divisão dos direitos económicos destes jogadores pela metade. Temos academias Dragon Force em África, principalmente em Moçambique, mas não têm o intuito de nutrir a nossa formação. Ainda estamos a tentar perceber que pontos explorar melhor. Marrocos deve ser o nosso próximo passo, pelo talento que estão a produzir, ainda que tenhamos, certamente, concorrência.”