Vila das Aves entusiasmada com o regresso à elite: "Identidade do clube parte de nós"
Aprovado o acordo para instalar a SAD do Vilafranquense, os adeptos mostram-se satisfeitos com a ideia de voltarem a receber provas profissionais. Insatisfeitos com a situação atual, numa altura em que a equipa atravessa uma fase crítica nos distritais, a futura Aves Futebol Clube SAD traz esperança, apesar do receio dos erros passados.
Corpo do artigo
A Vila das Aves é uma freguesia de Santo Tirso, um meio pequeno mas verdadeiramente apaixonado pelo futebol, modalidade que nos últimos anos tem sido uma verdadeira dor de cabeça para sócios e adeptos, depois da época de sonho de 2017/18, quando o clube conquistou pela primeira vez a Taça de Portugal. Do céu ao inferno foi um estalar de dedos: insolvência da SAD, descida aos distritais e refundação do clube, que agora se chama Desportivo das Aves 1930. Proibido de inscrever jogadores e na luta pela permanência na Divisão de Honra da AF Porto, surge uma luz ao fundo do túnel com a chegada da SAD vilafranquense, impossibilitada de jogar no seu terreno - o Campo do Cevadeiro não responde às exigências da Liga - e à procura de novo quartel-general.
O acordo negociado entre a SAD ribatejana e o clube foi aprovado pelos sócios avenses: a nova sociedade chamar-se-á Aves Futebol Clube SAD, mantendo o branco e vermelho como cores e disputando as provas profissionais, tudo aponta que a II Liga, dependendo da posição em que o Vilafranquense terminar.
O JOGO deslocou-se às Aves e ouviu os adeptos, em sintonia com a mudança, como explicou Nuno Almeida, empresário e antigo presidente do Aves. "Como adepto, penso que era a única solução que o Aves tinha nesta altura porque a situação era dramática, nomeadamente a parte da formação, que estava a desaparecer. Foi a solução arranjada, penso que a melhor, e espero que resulte", resumiu o presidente honorário do Aves, defendendo que, mesmo assim, o clube não perde a identidade. "A identidade do clube parte muito de nós, avenses e, se nos mantivermos presentes, ela mantém-se". Convicto que "vai correr tudo bem", Nuno Almeida acredita que o facto de a SAD ser composta por portugueses "dá maior conforto", tendo em conta os anteriores investidores chineses e brasileiros que passaram pelo clube.
A opinião do antigo dirigente é corroborada pelos adeptos que, ainda assim, não esquecem o passado recente, de má memória. "Gato escaldado de água fria tem medo, mas vejo isto com bons olhos. Votei favoravelmente", diz Armindo Machado, sócio n.º 18, comparando a realidade atual com os tempos de I Liga: "Quando o Aves estava na primeira divisão isto era uma cidade, hoje é uma aldeia." Já Rafael Sampaio, adepto, não tem dúvidas que "não havia outra solução". "Há sempre receio, mas neste momento nem temos tempo para pensar nisso", constatou, recebendo a concordância de António Souto, outro adepto que não via outra saída: "Esta é a solução viável para o Aves chegar aos grandes palcos."
O Jamor faz esquecer os dias maus
Se por um lado o futuro é incerto, o passado fica marcado pela conquista da Taça de Portugal, e logo frente a um dos grandes, o Sporting. Para o sócio Armindo Machado isso sobrepõe-se a todas as coisas más. "Na outra SAD também votei a favor e deu no que deu, mas perdoo o mal que me fizeram pelo bem que me deram, só pelo gosto que tive de ir ao Estádio Nacional e vencermos a Taça", atirou. Uma sensação também vivida pela adepta Maria de Fátima Marques. "Ainda me recordo quando fomos ao Jamor, foi muito bonito", atirou.
TESTEMUNHOS
Rafael Sampaio, adepto do Aves
"Acho muito bem. É a única solução para devolver o Aves aos grandes palcos. Há sempre receio, mas neste momento nem temos tempo para pensar nisso, é siga para a frente, siga para golo. Vamos voltar ao topo, demos a volta e, agora, é o "aguentem connosco"."
António Souto, adepto do Aves
"É a solução mais viável para chegarmos aos grandes palcos novamente. Aquilo que aconteceu antes com o Aves ninguém dizia que ia acontecer, deixaram-nos na penúria. É obvio que agora estamos com um pé atrás, mas não acredito que possa acontecer novamente."
Armindo Machado, sócio n.º 18 do Aves
"Quando o Aves esteve na primeira divisão isto era uma cidade, hoje é uma aldeia. Aqui, nesta zona, havia um grande movimento para as pessoas verem os jogos e os treinos, hoje está morto. Portanto, se isto for para a frente fico contente."
Amaro Costa, sócio n.º 750 do Aves
"Acho que foi boa ideia, tendo em conta a situação em que o Aves se encontrava. Sem esta solução, o Aves continuava a ir para o fundo e não havia meios para se levantar. Estamos todos com o pé atrás, tendo em conta o que aconteceu da última vez, mas tenho fé."
Maria de Fátima Marques, adepta do Aves
"Se for para melhor, vou sempre concordar. Temos algum receio, mas pensamos sempre no melhor. É uma nova esperança e esperamos que corra bem, gosto que o Aves ande para a frente. Ainda me recordo quando fomos ao Jamor, foi muito bonito."
Maria de Fátima Marques Adepta do Aves
https://d3t5avr471xfwf.cloudfront.net/2023/04/oj_armindo_machado_socio_18_aves_20230421112859/hls/video.m3u8