As pessoas que trabalharam com Uribe acreditam que o médio não estará no FC Porto mais de um ano, um ano e meio. Veem os dragões como clube ideal para o colombiano e recordam o Rússia'2018.
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A transferência de Uribe para o FC Porto foi recebida com satisfação por todos os familiares e amigos. "Falei com o Matheus antes de ir para Portugal e está muito feliz por jogar no FC Porto", garante Ramiro Ruiz, presidente do Envigado, convencido de que a equipa portista "é a ideal" para o médio, porque "tem um futebol com técnica e aposta na pressão sobre as equipas adversárias".
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No entanto, todos encaram os dragões como um trampolim para outros voos, tal como sucedeu com os compatriotas Falcao, James Rodríguez ou Jackson Martínez. O ex-treinador de Uribe em Arco Zaragoza e Envigado, Juan Carlos Sánchez, acredita que as "ligas maiores" estão ao virar da esquina e vaticina. "Pelas características que tem, acredito que ele não vai ficar muito tempo no Porto, dou-lhe um ano, ano e meio", aponta.
Um falhanço no Mundial prejudicou 2018/19. Foi dado a "100%" antes de se mudar para o FC Porto
Em 2018, Uribe fez parte dos selecionados colombianos que disputaram o Mundial na Rússia. Nos oitavos de final com a Inglaterra, o jogo esticou-se até às grandes penalidades. O médio foi chamado a resolver... e falhou. A seleção "cafetera" foi eliminada. "Falou-se muito disso na Colômbia, claro, mas não foi suficiente para manchar o carinho que os adeptos têm por ele", defende o jornalista Juan Carlos Jiménez. "Matheus é um ídolo para os colombianos", acrescenta.
A verdade é que as ondas de choque chegaram ao América. Quando regressou da Rússia, o jogador baixou o desempenho e perdeu a titularidade, indiscutível até então. A imprensa especulou desavenças entre o jogador e o técnico, Miguel Herrera, até que em finais de julho tudo voltou à normalidade. "Ele passou por um ano difícil, mas agora está em grande nível", referiu na altura. Quinze dias depois o América anunciava a venda ao FC Porto.
Mãe cuidou de Uribe sozinha
A história do reforço do FC Porto não difere das de outros craques do futebol, pelo menos no que respeita às origens e dificuldades na infância. Desde cedo, teve de aprender a mandar a bola para a frente. Em todos os sentidos. "Matheus cresceu numa casa humilde. Os pais estavam separados, e a mãe, a Dona Adriana, teve muitas vezes de ser pai e mãe. Passaram por bastantes dificuldades, sofreram juntos, mas felizmente a vida acabou por recompensá-los", conta Andrés Orozco, ex-companheiro de Uribe no Envigado.
Dona Adriana é uma espécie de "rainha" para o jogador do FC Porto, que cresceu numa casa humilde
Adriana acompanhou-o sempre e, de acordo com John Hernández (preparador físico do Envigado), é "uma das grandes responsáveis por ele estar onde está". "Sempre lhe deu força, fê-lo acreditar nos seus sonhos e, por tudo isso, Matheus ama a mãe acima de tudo. Ela é uma rainha para ele", comenta, por seu lado o presidente de Envigado, Ramiro Ruiz.
Bilhetes para toda a família
A relação de Uribe com a família sempre foi vital e o colombiano tenta mantê-la por perto sempre que pode. Inclusive nos jogos. "Quando tínhamos jogos, os bilhetes não chegavam, porque nessa família são cerca de 50 pessoas e Matheus queria levá-los a todos. Também dávamos três camisolas a cada jogador, mas ele queria dar a uma a cada familiar, e era uma complicação", conta Carlos Alberto Sánchez, um dos técnicos que o acompanhou nos tempos do Envigado.
"Comia pedra, se fosse preciso"
Apesar de ter sido protagonista de um caso de indisciplina, ao ultrapassar a hora de recolher obrigatório imposto pelo FC Porto, por altura da festa de aniversário da esposa, Uribe é descrito como uma pessoa muito "tranquila, humilde e muito disciplinada". "É tímido no primeiro contacto, mas, quando ganha confiança, é alegre, amigável, dá tudo dentro e fora do campo pelos companheiros", assegura Andrés Orozco, que partilhou o quarto com Matheus nos estágios de Envigado.
Andrés Orozco partilhou quarto com o portista nos tempos do Envigado e traça o perfil
Poucos como Orozco o conhecem tão bem ao ponto de conseguirem traçar um perfil mais pessoal. "Lembro-me de que ele ouvia salsa e reggaeton e tinha um apetite enorme; comia de tudo, até pedra, se fosse preciso", ri-se. Mas do que Andrés nunca se esquece são das sessões de Fifa na Playsation. "Ele não descansava até ganhar, porque eu era muito bom nesse jogo. Ficávamos acordados até às 2 ou 3 da manhã, até que eu lá o deixava ganhar para poder descansar um pouco", diz, entre gargalhadas. "Isto diz muito dele. É bastante competitivo. Em tudo o que se mete. Profissional ou pessoalmente é sempre para ganhar", afiança. No FC Porto tem ganho muito mais do que os jogos em que sai derrotado.