Vertonghen e o período complicado com Jesus no Benfica: “Ele só falava português…”
O defesa internacional belga, que passou pela Luz entre 2020 e 2022, assegura que nunca teve um treinador como o técnico luso.
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Jan Vertonghen falou, no podcast “Final Cut”, da Sports Tailors, sobre a sua passagem pelo Benfica – representou os “encarnados” entre 2020 e 2022 –, abordando o período em que foi orientado por Jorge Jesus.
Entre sorrisos, o internacional belga, atualmente ao serviço do Anderlecht, revelou que nunca teve um treinador como o técnico português. “Estou habituado a treinadores neerlandeses, que são muito disciplinadores, tal como era Mauricio Pochettino, no Tottenham. No entanto, o Jorge Jesus era incrível. Os meus colegas de equipa tentaram explicar-me isso quando cheguei, mas ele era totalmente diferente de qualquer treinador que já tinha tido. Tive algumas dificuldades com ele. Porque ele só falava português e eu não falava o idioma. Apesar de haver um tradutor, eu queria falar com ele num nível mais pessoal, cara a cara, e não conseguia. Queria explicar-lhe as minhas ideias, o que sentia. Foi estranho. Ele era muito duro e direto, o que eu gosto, mas foi difícil, especialmente porque não sabia como ele era. Os meus colegas diziam para o largar da mão, que ele é mesmo assim. É um grande treinador, mas tinha tantas perguntas”, apontou.
O central, de 36 anos, admite que na altura em que Jorge Jesus terminou a ligação com o Benfica – dezembro de 2021 – já falava um pouco de português e que chegou a ter uma conversa franca com o treinador luso. “Quando ele saiu do Benfica, eu já falava um pouco de português. Esbarrei com ele no edifício e falámos pela primeira vez. E foi uma conversa reconfortante. Disse-me algumas coisas muito boas e eu pensei que já devíamos ter tido aquela conversa há algum tempo. Deu-me uma perspetiva dele. Respeito-o imenso. É muito, muito bom treinador, mas a barreira linguística não facilitou”, confessou o defesa.
Questionado sobre o momento em que Jorge Jesus fez o sinal de um foguete, quando Jan Vertonghen marcou um golo na sequência de um canto, o jogador admitiu que, na altura, não apreciou o gesto. “Treinávamos muito as bolas paradas, mas nunca marcávamos. Marquei diante do Lech Poznan, para a Liga Europa, e ele fez aquele sinal do foguete, como que a dizer 'finalmente marcaram'. Na altura, não gostei, mas ele era assim. Não sabia como ele era, mas agora dou-lhe valor”, garantiu.
Por fim, o experiente futebolista salientou que não esquece o início menos feliz que teve com a camisola do Benfica. “Cheguei à Luz com a covid-19. Foram anos difíceis. Nessa altura, o Benfica fez grandes investimentos. Contrataram o Darwin Núñez, o Otamendi, a mim, o Everton e o Luca Waldschmidt. Foram muitos jogadores. O Benfica tinha acabado de perder o campeonato para o FC Porto e queria uma demonstração de força. Porém, começou da pior forma. Foi o pior começo da minha carreira, para ser sincero. Com um autogolo na estreia, com o PAOK, na Liga dos Campeões. Foi mesmo muito duro para mim, senti a responsabilidade. Eles contrataram-me por várias razões, para liderar a equipa, para ter resultados e, obviamente, fazer um autogolo atingiu-me em cheio no meu início de percurso no Benfica. Depois fiz uns bons jogos, mas nunca alcancei os objetivos que queria, que era ganhar títulos pelo clube. Primeiro ganhou o Sporting, depois o FC Porto. Vivi um bom período, mas esperava mais de mim quando assinei”, rematou Jan Vertonghen.