Veríssimo cortou rédeas a Everton: antes era um jogador "triste", agora está "mais solto"
A saída de Jorge Jesus e a mudança na forma de jogar da equipa têm potenciado o rendimento do brasileiro. Com menos obrigações a defender, extremo está a reencontrar-se com o futebol que tinha no Grémio. "Está mais solto", analisa Vítor Paneira, que antes via um jogador "triste e desaparecido".
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Em Tondela, Everton andou de vento em popa e empurrou a equipa do Benfica para um triunfo confortável, o primeiro nos últimos quatro jogos, com um golo e assistências para Darwin e Gonçalo Ramos. Ou seja, resumo feito a esta conta de somar, o camisola 7 das águias esteve em todas, numa vitória encarnada por 3-1 que sacudiu, pelo menos para já, as nuvens negras da insatisfação dos adeptos que se iam avolumando.
A verdade é que com mais Everton, o Benfica também cresceu e para isso tem contribuído o novo desenho de jogo da equipa da Luz sob a égide de Nélson Veríssimo, responsável máximo pelo libertar do brasileiro dos grilhões do sistema de três centrais visto na gestão de Jorge Jesus.
Quem analisa esta mudança a O JOGO é Vítor Paneira, antigo extremo do Benfica e da Seleção Nacional, ele que sabe bem o quanto importa para um jogador naquela posição estar... mais livre para atacar.
"Everton tem perdido algumas das amarras defensivas que tinha antes e que o iam condicionando. Agora parece-me mais solto e vai mostrando-se um jogador competente, transportando aos poucos para o jogo do Benfica aquilo que já lhe víamos no campeonato brasileiro. É um jogador muito forte nos duelos individuais, extremamente rápido, com decisão e com golo. Está a apurar-se cada vez mais naquele Everton que conhecemos do Brasil", aponta Vítor Paneira.
O ex-jogador via Everton estar "algo condicionado" com Jesus mas também agrilhoado por "alguma falta de confiança" que, aos poucos, vai agora sacudindo.
"Desde que Everton faça o corredor e com algum espaço, vai potenciar o um para um, quase sempre com um movimento a fugir para a zona central onde faz tabelas, passes para a decisão ou remates. Cada vez mais vamos vendo a sua capacidade, que não víamos antes num jogador que era diferente do atual: era um Everton triste a jogar, desaparecido do jogo, por vezes, pouco comprometido com a equipa."
Os números apontam claramente para um "Cebolinha" a descascar camada a camada o futebol que pode mostrar desde a chegada de Veríssimo. Nas sete partidas em que esteve ao dispor do novo técnico, Everton apontou três golos (Tondela, Sporting e Boavista, estes últimos dois na final four da Taça da Liga) e fez duas assistências, precisamente na partida de domingo passado.
Ou seja, a cada cem minutos que esteve em campo, participou num golo das águias, bem melhor do que os 154 minutos que precisava na era Jesus. Hoje o brasileiro desequilibra mais, portanto.
"Everton tem sido pontualmente o mais desequilibrador do Benfica, mas sem esquecer o Rafa também, que tem sido mais intermitente. Quando há qualidade, até pode demorar mais tempo mas ela acaba por aparecer", frisa Paneira.
Brasileiro sozinho "não tira equipa do buraco"
Em terceiro lugar na Liga, atrás de Sporting e de FC Porto, as águias têm muito que pedalar para salvar o que puderem de uma época até ver negativa. Everton pode representar um papel na recuperação do tempo perdido mas não sozinho, segundo Vítor Paneira: "Todos os jogadores com talento têm o potencial para carregar o Benfica mas a equipa não pode sair deste buraco só com um jogador, tem de o fazer com o contributo do coletivo, com aquela capacidade de luta e de reação à perda agressiva vista frente ao Tondela."