O JOGO foi saber como Carvalho e Pedro Gomes, heróis da Taça das Taças e ambos inseridos num dos grupos de risco face à covid-19, estão a viver os seus dias. Determinados, deixam incentivos e prometem... vitória!
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A prudência dos tempos aumenta-nos a responsabilidade para com quem mais precisa, neste caso os grupos de risco à covid-19. No futebol, há história, heróis de outrora que continuam a ter voz, mas sobretudo esperança: são os casos de Carvalho e Pedro Gomes, caras do triunfo do Sporting na Taça das Taças em 1964 - único troféu europeu de futebol na história leonina -, que, aos 82 e 78 anos, respetivamente, garantem ainda ter estaleca para conquistar novo título, agora ultrapassando, com resguardo e cuidados redobrados, e a promessa de voltarem a sair de casa, sãos, e regressar ao outro lar, Alvalade, onde ficarão os corações.
Guarda-redes e defesa que conquistaram em 1964 o único título europeu de futebol na história leonina têm 82 e 78 anos, respetivamente
"Estou como todos os portugueses, a viver um momento grave, mas temos de alinhar, corresponder à chamada das entidades competentes, porque ainda não somos dos países cuja situação é mais grave. O nosso povo acorreu bem e estamos a ajudar a conter a propagação", atira Carvalho, guarda-redes que agarrou tudo na decisão de Antuérpia, na Bélgica, que concretiza: "Faço 83 anos a 18 de abril e por isso tenho ficado por casa. Saio apenas para fazer pequenas compras, até porque vivo apenas com a minha mulher, que precisa de auxílio. Os filhos moram longe... Mas vamos lutando, temos de avançar!".
Pedro Gomes, antigo lateral-direito, não foge desta quadra. "Tenho cumprido as indicações do Governo e dos médicos, que é ficar em casa. Praticamente não saio, vou só a um pequeno supermercado, perto, às compras, e faço um passeio curto, à noite. Temos de manter as distâncias, lavar sempre as mãos, desinfetá-las, com álcool ou um produto anticético. Temos de ter muita coragem, porque nós, os que fomos campeões, queremos voltar a sê-lo!", assegurou, concluindo com um disparo que espera certeiro na cabeça do povo que ainda o aplaude: "Isto acaba por ser um eco que uns ouvem e outros não. A vida não é uma brincadeira. Quem diz que está farto disto, não está. As pessoas querem viver. O que me incomoda é apenas não estar com os meus netos, os meus filhos, com a minha irmã e os meus sobrinhos. Mas mais mês, menos mês, vai tudo passar. É muito importante, até para poder voltar a ver jogos em Alvalade, a minha verdadeira casa."
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
Carvalho deixa esta bola entrar... "Vamos passar um momento muito complicado: os mais desfavorecidos vão ter dificuldades, os trabalhos vão ser afetados... Vamos esperar que tudo corra bem! Às vezes estou à janela, aqui em Odivelas, e não vejo ninguém na rua - as pessoas têm correspondido bem. Quanto ao Sporting, vai continuar a ser grande como até aqui. Será difícil, mas vamos em frente!", concluiu.
A "task force" criada pela Direção foi gesto de pura "humanidade"
Carvalho e Pedro Gomes também estão no mesmo comprimento de onda no que à postura do Sporting para com o covid-19 diz respeito: Frederico Varandas, líder máximo dos verdes e brancos, disponibilizou estádio e pavilhão para a eventuais hospitais de campanha, assim como o seu corpo clínico para ajuda neste combate à pandemia e está ao serviço do exército. "O altruísmo está a vir ao de cima - e muito bem. A vida está primeiro de qualquer outra atividade. Isto é muito mais importante do que qualquer outra modalidade desportiva. Este altruísmo da Direção, do presidente, é de louvar", atirou a O JOGO o ex-lateral, tal como o antigo guardião: "É um gesto de humanidade. Se têm essa possibilidade, acho muito bem. O presidente, no lugar dele por direito, está a ter uma atitude bonita."