Na antecâmara de novo clássico entre FC Porto e Sporting, um trio de treinadores lembra que os dragões venceram em Alvalade com um desenho de meio-campo semelhante ao atual.
Corpo do artigo
Os duelos com Guimarães e Portimonense mostraram uma versão diferente do FC Porto. Sem Uribe, lesionado, e com o meio-campo organizado em losango, os dragões somaram dois triunfos e, para analisar a metamorfose tática, O JOGO inquiriu três treinadores, que convergiram na ideia de que Vitinha e Otávio, os médios interiores, são peças-chave no sucesso do sistema. "Acima do posicionamento estão a dinâmica e a interpretação de ideias. E há um jogador que dá uma série de nuances: o Vitinha. Vemo-lo à esquerda, a recuar para a posição 6 ou numa segunda linha, como 10. Esta capacidade dá maleabilidade tática e apoia outro jogador muito importante, o Otávio", assinala José Gomes, com Pedro Bouças a destacar o "raio de ação" do 25. "É o jogador-chave, porque vai de dentro para fora e tem uma intensidade muito alta. Com Otávio e Vitinha, mesmo que a distância para os laterais adversários seja maior, o FC Porto encurta-a e mantém a pressão", realça.
José Gomes, Pedro Bouças e Rui Almeida apontam, a O JOGO, os dois médios como peças fundamentais do losango portista, sem esquecer Fábio Vieira
Rui Almeida considera que a "chegada aos corredores laterais" do duo dá "robustez e equilíbrio" ao miolo azul e branco, "até porque Otávio recupera muitas bolas", mas também sublinha a preponderância de Fábio Vieira, que tem surgido nas costas da dupla de avançados. "O losango coloca-o mais perto de zonas de decisão, onde maximiza o poder de definição que tem", vinca o ex-técnico do Gil Vicente. A liberdade que os laterais portistas ganham na hora de atacar é outra das caraterísticas do desenho tático. "Foi por aí que vimos o Pepê aparecer tanto frente ao Portimonense", refere Pedro Bouças.
Mas o que está por trás da mudança? O ex-adjunto do Boavista e atual comentador do Canal 11 considera que a lesão de Uribe foi o "clique" . "É uma perda que pode ter deixado o Sérgio Conceição a sentir a equipa desprotegida... Grujic tem recuperação de bola, mas não é tão completo. Portanto, mais do que pela entrada do Grujic, vejo a alteração mais relacionada com a baixa do Uribe", acrescenta.
Com Otávio e Vitinha, o FC Porto encurta a distância para os laterais adversários e mantém a pressão"
O clássico de amanhã, com o Sporting, será uma boa oportunidade para colocar a fiabilidade do losango à prova, mas José Gomes lembra que a vitória do FC Porto em Alvalade, na primeira mão (2-1), foi uma espécie de preâmbulo à alteração tática recentemente introduzida por Conceição. "O Grujic já jogou nessa partida. Chegou a encaixar na zona dos centrais, com Vitinha e Uribe a encaixarem nos dois médios do Sporting. Depois, Taremi e Evanilson pressionavam os três defesas e o FC Porto acabou por ser mais forte em praticamente todos os fatores", observa o ex-técnico do Al-Taawon. Rui Almeida concorda - "O FC Porto vai querer mandar no jogo e já ganhou assim em Alvalade" - e Pedro Bouças destaca o fator surpresa inerente à maleabilidade. "Se já é difícil anular o FC Porto, ainda mais complicado se torna quando não há referências", remata.
14786358
14785963